9.10.13
Sinto ausente a tua voz,
Despojada de lágrimas,
Silenciada por temores
Ocultos. Tão vivo este desejo
De correr e acender
Lumes, rubros calores incandescentes,
Nascentes turbulentas, pedras arrastadas do leito,
Do lugar.
Desejo de desarrumar,
De misturar e separar,
De encontrar novo trilho,
Percorrer,
Sem ser percorrida.
E num lampejo acordo
Rouca de gritar, emudecida,
Suada por gestos esquecidos
Não quero e quero
E de novo, a posse e o desejo
Cavo na concavidade das minhas mãos,
A ausência dorida e funda das tuas.
Onde estás?
Até amanhã.
Voo com os pássaros tardios.
LÍLIA TAVARES, in RIO DE DOZE ÁGUAS, 12 POETAS (Coisas de Ler Ed., 2012)
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