31.3.13



Se tenho que dormir menos uma hora para ter o privilégio de mais uma hora de Sol ao fim da tarde que seja.
É bem-vinda esta luz extra que já trás o cheiro dos dias quentes (mesmo que hoje esteja a disfarçar bem).

Fins de tarde com gelados, livros e esplanadas venham a mim.

Ter a noção de que os Monty Python nos deturparam para sempre a cena da crucificação



Sou apenas eu que acho o Spotify



bom de mais para ser verdade????
Ando completamente viciada ao ponto de só escolher tarefas que me permitam estar a ouvir música!

29.3.13

Fica aqui a explicação - Word Killer



Graffiti é o plural de graffito, com origem no latim. Por isso quando se diz "os graffiti" a frase está absolutamente correcta.
Isto vem a propósito de muita gente, jornalistas inclusivamente, terem a mania de dizer outras coisas como  grafitos (sic). 
Desculpem lá mas a coisa afecta-me os nervos.

Set my mood




by AngelaBacon, Kidwell 7

" -Ora, ora, vai reler o que o Eisenstein escreveu a propósito da montagem. Este é um caso em que a montagem terá que resolver todos os problemas, do flash-forward ao monólogo interior, da incursão psicológica à nota objectiva, dos grandes planos à música de fundo, das sequências sobrepostas umas às outras a um resultado que seja mais do que o somatório delas. O Eisenstein farta-se de se inspirar na literatura... Um amigo meu diz que História é a manipulação da morte. Para as vestais do politicamente correcto, a História é um remorso... Para os sebastianistas incuráveis, a História é um curto-circuito... Para os  pós-modernos, a História é o que se quiser...o que der mais jeito...(...)"

Vasco Graça Moura in O Enigma de Zulmira

27.3.13

Chamem o Batman




...até os directores de bibliotecas andam a roubar livros.

O espanto! A alegria! O medo! O horror! Ansiedade, ansiedade, ansiedade...



"There’s a script... I’m working with Jonny Lee Miller [who played Sick Boy], and when we get the script ready, I’ll approach the rest of the original cast." - Boyle

The Wednesday Breakdown



2001 - Odisseia no Espaço



Ontem alguns milhares de portugueses adormeceram a tentar ver a totalidade do 2001 - Odisseia no Espaço, na iniciativa anual da RTP2 de dar a conhecer um dos génios da sétima arte. Aos 10 que chegaram ao fim do filme os meus parabéns. Aos outros tenho a dizer que precisei de três tentativas para alcançar tão importante objectivo estão, por isso, no bom caminho.

26.3.13

A tua cara não me é estranha



Obrigado programadores do Sudoeste...


Conseguiram passar de Blur, dEUS (1997), PJ Harvey, Portishead, Placebo, Sonic Youth, The Cure (1998), Massive Attack, The Chemical Brothers (1999), Bush, Beck, Moloko, Oasis (2000), Goldfrapp, Zero 7, Flaming Lips, The Divine Comedy (2001), Belle & Sebastian, Sigur Ròs, Air, Black Rebel Motorcycle Club, Peter Murphy, Muse (2002), Jamiroquai, Primal Scream, Badly Drawn Boy (2003), Manu Chao, Camara Obscura, Ojos de Brujo, The Streets, Patrick Wolf, James, The Naqtional (2007),  Bjork, Fraz Ferdinand, Cut  Copy (2008) para isto em 2013.

...por nos ensinarem como matar um festival em 5 anos.

Almodova-me



Um programa para o fim de semana



A brasa à minha sardinha: CCB - 20 anos depois



No tempo das vacas gordas cavaquistas muito se fez pelos chamados mamarachos, projectos arquitectónicos sem jeito nenhum em termos utilitários e muitas vezes arquitectónicos. 
O CCB - Centro Cultural de Belém faz este ano 20 de idade e um programa de que sou fã - o Encontros com o Património na TSF - fez um especial sobre a efeméride. Para isso convidou Vasco Graça Moura, hoje à frente do CCB, Manuel Salgado arquitecto responsável pelo projecto e Teresa Patrício Gouveia, secretária de Estado da Cultura na altura inicial do empreendimento.
Algumas considerações pessoais sobre o CCB. Eu nunca gostei daquele projecto arquitectónico que considero feio e confuso. Não acho que se integre bem no local onde está, foi claramente projectado para brilhar, ser o rei da companhia, num local onde se pedia algo mais integrado. De facto é tão mamarracho e foi tão caro que nem construíram os dois módulos que estavam previstos depois do existente.
 Em relação à função acho que de facto foi uma boa maneira de aproveitar um acontecimento europeu para dotar Lisboa de um equipamento que não existia a nível do Estado, por exemplo não havia local para orquestras tocarem, para determinados tipos de exposições, etc, mas ficou muito aquém do que poderia ter sido. Por exemplo a, agora falada por razões tristes, Casa da Música no Porto, tem muito mais projectos ao nível da comunidade, como o coro com os sem abrigo da cidade, e pedagógico, com um calendário muito completo, do que alguma vez ouvi dizer que o CCB possuía.
Ao nível do usufruto do espaço este é horrível. Não gosto das múltiplas entradas - portas, portas, portas - com sinalização deficiente, da pouca  simpatia dos espaços comerciais, livrarias onde não apetece ficar e cafés demasiado descaracterizados - ou é cantina ou é café ou é restaurante para pessoas de classe média alta (não se come em tabuleiro pagando 15 euros por um prato). Acho que a única coisa mais ou menos agradável é a esplanada (e mesmo assim o jardim é pobre e a vista - maravilhosa - para o rio é apenas apreciada pela metade.
Para rematar toda  a questão ofende-me ouvir uma ex secretária da Cultura gozar - literalmente - com Marcelo Rebelo de Sousa, que na altura se insurgiu contra o empreendimento porque ele se localizava sobre um antigo cais da época dos descobrimentos que foi totalmente arrasado (há época ainda não existia a sensibilização para a arqueologia dos dias de hoje). Sublinho, a ex secretária de estado da Cultura. Sabemos que no local existia também um palácio do século XVI que os intervenientes nesta conversa acham ter sido homenageado com a construção da fachada de entrada do edifício exactamente sobre a fachada do palácio. Algo como "gosto muito da Torre dos Clérigos, vou fazer um prédio exactamente sobre a planta que ela ocupa"....
É bonito que este seja um programa sobre património e com suposto conhecedores e intervenientes do património que enchem a boca para defender um mamarracho, supostamente equipamento cultural de suprema importância, com salas às moscas (e com isto quero dizer sem programação) mas que rangem os dentes quando se trata de atacar o património histórico português! Se isto não é soberba não sei que seja.

25.3.13

Rescaldo Longas, Fantas 2013



Este ano apenas vi duas longas megtragens que sejam, de facto, novidades. Ambas me surpreenderam embora não tenham sido extraordinárias.


The Last Will and Testament of Rosalind é um filme estranho. Existem praticamente apenas duas personagens Rosalind (que nunca vemos e é a narradora da história) e o seu filho. Tudo se passa numa casa estilo museu do século XVIII onde a maior parte das estátuas são de anjos. E aqui os anjos metem medo. No final e como convém é um filme sobre o poder manipulador da mente de cada um. Gostei da maior parte dos planos sequências (e são muitos). Não gostei dos lugares comuns (e são muitos).


Este é o tipo de filme que mais gosto de ver em festivais de cinema fantástico. São filmes que adaptam qualquer elemento de folclore e não sendo nós do país de produção para além da história em si ainda ficamos a conhecer elementos da cultura de determinados locais que desconheciamos. No caso de Thale, o país de produção é a Noruega (e julgo que este foi mesmo o primeiro filme que vi daquele país) e o elento que se foi buscar à cultura popular foi a história das Uldras, criaturas femininas que vivem nas florestas e bosques e que seduzem os homens para procriarem. O filme não é propriamente de terror, é mais de suspense e também sobre o que define um ser humano. Gostei das paisagens que são lindissimas e do trabalho dos actores. Não gostei, mais uma vez, de alguns lugares comuns (menos do que no filme anterior).
 
Uma nota para actriz protagonista que esteve no Fantas para apresentar o filme e é uma  querida.
 
 
 
Ambos os filmes mostram como filmes passados em cenários fechados, sem grande quantidade de personagens podem ser muito interessantes e nada saturantes.

Pessoas que admiro



- Gente que consegue inscrever-se em piscinas e vai nadar semanalmente.
- Gente que consegue acordar cedo ao fim de semana. Eu bem tento mas tenho uma relação de amor ódio com a minha cama, de noite adio o mais possível o momento em que me deito e de manhã não quero deixar o reino das almofadas.
- Gente que vai sair, leva o carro e não bebe para o poder conduzir de volta. Eu volto invariavelmente de táxi.
- Devoradores de música que conhecem coisas absolutamente incríveis de que eu não vou ter sequer uma suspeita durante a minha existência.
- Pessoas que usam perfume sem que lhes doa a cabeça.
- Cozinheiros de mão cheia que todos os dias se dedicam a fazer pratos com pés e cabeça. Eu há dias em que simplesmente cedo a uma tijela de ceralac ou um prato com um monte de arroz e coisas (aka delicias do mar, cugumelos, presunto, atum, carne picada, etc) sendo que este pode ser condiderado o prato em que sou especialista.
 
-Pessoas com filhos, vida organizada e trabalho feliz.

Janis Joplin Meets The White Stripes


Aconteceu na primeira parte do concerto de Munford and Sons, pela mão da banda de abertura, Deap Vally. Até me cairam os queixos.
 
Por favor atentem na amostra aqui em baixo.
 
 
 

OUT


 
 
Este fim de semana estive fora de casa. Aproveitando as aberturas entre cortinas de chuva para estar com amigos e família.
Sábado à noite, sem surpresas para quem os viu no Alive, grande concerto de Munford and Sons no Coliseu dos Recreios.
Domingo de manhã visita ao teatro romano de Olissipo, uma falha de algum tempo que finalmente foi eliminada. Para além de muito bem localizado, junto à Sé de Lisboa e a caminho do Castelo de São Jorge, a Câmara de Lisboa faz o favor de o disponibilizar (e ao núcleo museológico) gratuitamente. Atentem neste exemplo...
 
Sobre ambos os acontecimentos mais posts em breve.

Semana nova



Há algo neste tema que liga tão bem com o estado de melancolia que este tempo chuvoso e cinzento me induz.

22.3.13

Do trabalho



Procurar um novo olhar no quotidiano. 
Quebrar a rotina mental. 
Sair da esquadria.

Avizinha-se um fim de semana agitado






a fragilidade do
tempo
atravessa as
nossas vidas
e torna–nos a
todos irmãos
com o mesmo
destino


LURDES SARAMAGO CHAPPELL, in OS RAMOS DAS ÁRVORES COBREM-NOS A TODOS/The Branches of the trees cover us all (Atelier de Letras, 2ª ed., 2011)
 

20.3.13

Ora pois que estou de volta. Ausentei-me para viver um bocadinho que isto a vida não pode ser só virtual. Visitas aos vossos cantos em breve (lá vem a comentadora em série)





Em 2011 o vencedor do prémio Leya - João Ricardo Pedro - era  um engenheiro no desemprego quando se propôs a escrever a obra "O teu rosto será o último" que lhe rendeu o galardão. Recentemente ouvi a notícia de Daniel Rodrigues, vendedor na categoria de foto  quotidiana do World Press Photo, o mais prestigiado prémio fotográfico do mundo. Está desempregado, juntou-se a uma missão voluntária para conseguir as suas fotos e teve que vender a máquina para sobreviver. Imaginem que um escritor tem que vender as suas canetas ou um pintor os seus pincéis...

Na semana passada fui assistir a defesas de teses de mestrado de amigos e colegas. Foram boas teses de 17, 18 e 19 valores. O que é que estas pessoas vão fazer a partir daqui? Vendo o caso de colegas que já defenderam há uns anos existem várias soluções de futuro: 
1) voltar para casa dos pais, que já pagaram a licenciatura e o mestrado (sim porque os mestrados funcionam em horários que impedem, em muitos casos, de arranjar qualquer outro trabalho) e continuar a depender deles enquanto utopicamente enviam currículos dos quais nem resposta recebem numa rotina apática, defesa para que não se descaia nem para o lado da esperança que dá para o torto nem para o lado depressivo que resulta ainda pior 
2) tentar anos e anos  seguidos ter uma bolsa para avançar com a tese de doutoramento. Bolsas essas que para além de escassearem são atribuídas segundo critérios muito estranhos que ninguém entende, nem aqueles que milagrosamente as recebem. Estes estão uns quantos anos a fazer o doutoramento, sem direito a nada como ferias, subsídios, faltas ou descontos para a reforma, defendem a tese e ficam geralmente com as restantes hipóteses que aqui menciono. 
3) podem sempre emigrar, e aqui reside a maior taxa de sucesso, levando consigo os conhecimentos que o Estado (e todos os contribuintes) ajudou a adquirir. Os pais tem que escolher lidar com um filho perto sem futuro ou lá longe mas independente e bem sucedido, a produzir investigação reconhecida e que podem rever sempre que, com pompa, seja convidado a vir falar numa universidade ou conferência portuguesa. 
4)por último podem chatear-se e ir trabalhar para o supermercado ou outro emprego que tal, esquecendo tudo o que estudaram ou sabem, porque se não provavelmente dão em loucos (atenção nada contra estes empregos que nem ponho de parte num futuro meu mas se tivesse a certeza de que era ali que ia parar tinha-me poupado (e aos meus pais) muito dinheiro, as noites em branco e avida pessoal hipotecada). 
Porque depois há isso. Nesta história toda só tem filhos quem se descuida ou então tem um parceiro com um óptimo emprego porque não há como ter projectos num mundo tão precário em que teses de investigação sobre a cura do cancro são escritas num quarto duplo de 100 euros a comer massa com atum.
O nosso trabalho de investigação é extraordinário, ganha prémios e bolsas internacionais, mas o Estado desliga-se dele desde a licenciatura destes investigadores e profissionais, não os sabe orientar, manter e fazer crescer no seu país. São trabalhos sobretudo feitos à custa de muito suor, quando se pode, conciliados com trabalhos reais de 500 euros ou então usando o dinheiro dos pais, de muito empenho, gosto e carolice.
Voltando ao início deste texto. Nós não gostamos de ficar parados, somos engenhosos e dedicados e isso pode resultar num livro escrito no desemprego ou de fotos tiradas numa missão voluntária por uma máquina que entretanto teve que se vender. A vontade de fazer existe. Tal como existe o engenho. O pior é quando ambos (vontade e engenho) nos abrem largas portas mas do outro lado da fronteira.

P.s. Este texto não é sobre mim. Felizmente sempre tive trabalho para ir pagando o meu mestrado. Mestrado que ainda não concluí porque não podia fazer ambos ao mesmo tempo. É sobre uma enormidade de bons investigadores que conheço sobreviventes de bolsa em bolsa, de estágio em estágio, sem um carro, uma casa ou família própria porque escolheram ser cientistas, produzir investigação. São a "nossa tecnologia de ponta" e parecem ter que possuir espírito missionário para  continuar. Um bem-haja a todos.

The Wednesday (Melies) Breakdown





Sabe sempre bem ler Hemingway, embora as traduções em português do Brasil me soem sempre um pouco esquisitas. Aqui, um conto do autor, Os Assassinos.

Uma descoberta incrivel



14.3.13

14 de Março, Dia da Poesia



"Um poema não é uma coisa que se coloca sobre o teu dia como um condimento sobre o teu almoço. A vida de uma pessoa não tem material semelhante a nada que conheças. Existir é feito de peças impossíveis de copiar. E a poesia não entra nesse material único - a vida de uma pessoa - como o avião no ar ou o acidente do avião na terra dura. Um poema não é manso nem meigo, não é mau nem ilegal.
Os homens não se medem pelos poemas que leram, mas talvez fosse melhor. O que é a fita métrica comparada com algo intenso? Há poemas que explicam trinta graus de uma vida e poemas que são um ofício de demolição completa: o edifício é trocado por outro, como se um edifício fosse uma camisa. Muda de vida ou, claro, muda de poema. "

Gonçalo M. Tavares, in 'A Perna Esquerda de Paris'


Set my mood



13.3.13




Há mais de 10 anos deixei de ser católica. Não foi uma zanga mas sim falta de crença. Desde então não ligo muito à coisa.

Hoje estava a ver o novo papa e gostei. Gostei muito do nome e da cara. Sem nenhuma razão em particular para além de afinidade instantânea.  Acho que é por ele mexer muito os braços quando fala (pode o bispo ir para Papa mas nem assim se livra do sangue latino).

Tenho uma mente cheia de preconceitos é o que é



Estranho, estranho, é quando a minha vizinha da cave, para além de contribuir para que eu tenha ficado sem luz, de se ter tentado suicidar e ter sido eu a dar pela coisa, de ter um "chulo-drogado" (sim porque ela é uma women of the life), como diz o meu senhorio, que lhe rouba o dinheiro todo que ganha (e também o da mãe reformada) mas que ela ama com muito amor, decide tratar a cadela que vive com ela num quarto de 12 metros quadrados por você.

"Nina venha para casa" "Nina largue o osso" "Nina dê a patinha à dona"...

É importante referir que isto é dito na rua e eu moro num quarto andar, ou seja, em altos berros...

Já diz o Primeiro (de quem nele votou) o desemprego é uma oportunidade



Estive aqui a fazer contas e por ser uma involuntária trabalhadora independente já tive desde que comecei na minha área 15 projectos diferentes (aka trabalhos) para umas cinco ou seis entidades. Parece mau mas é bom.
Foi na minha área de formação. Aprendi imenso, sempre evoluindo e como sou independente muitas coisas tiveram que ser aprendidas por intuição (não há aqui espaço para o erro) o que me fez estar bem mais atenta a tudo o que diz respeito ao meu trabalho. 
Nunca me imaginei a trabalhar em obras. A minha área é a história meus senhores...como é que acabei a lidar com giratórias, passagens hidráulicas e engenheiros? O que acontece é que não sendo toda a minha vida laboral (felizmente) este lado construtivo é também muito giro. Atravesso Portugal a apontar: olha ali estava uma necrópole medieval, ali escavámos sob o aqueduto dos águas livres, acolá encontrámos umas fossas com enterramentos de duas crianças e a sua bola de brincar...com 5000 anos, aqui era uma cabana com chão de cacos. Ou então numa variante menos aventureira: trabalhei naquele túnel, este jardim foi feito por nós, andei nesta auto-estrada, e naquela e naquela outra, ah...aquela barragem, quem viu isto antes e depois, isto ficou muito mais giro depois dos carris colocados e por aí fora.
Mas há alturas em que devemos parar. Quando o gosto pelo que fazemos já não é o mesmo do início e sentimos o cérebro cansado sem haver razão para tal. É hábito, acomodação e falta de desafios. E é assim que chega ao fim um ciclo. No final do mês acaba este meu trabalho e vou tirar dois meses inteiros para me dedicar à investigação que quero fazer há mais de cinco anos. Dois meses inteirinhos só para estudar e trabalhar sobre gente que viveu há mais de 500 anos e descobrir o que comeram, como eram os seus hábitos de higiene e, essencialmente, como viveram.
E ando  em pulgas por isso. E depois, se a crise deixar, voltar ao labor nas obras. Ou então não e seguir o rumo agora reiniciado.
Vamos ver o que a vida trás!

Os Bieber da minha vida



Antes do meu tempo eram os Take That, os Boyzone e os East 17.
No meu tempo eram as Spice Girls, os Backstreet Boys, as All Saints, os N Sync e até os Aqua.
Depois do meu tempo foram os DZRT, os Tokio Hotel, os Paramore e Jonas Brothers. 
Agora é o tempo do Bieber.

A sua função (para além de darem na MTV e fazerem as capas da Bravo) é deslumbrarem-nos, dizer "olá tu cresceste, tens hormonas diferentes e agora gostas de música por quem a cantar ser giro" e desaparecerem, assim que crescermos mais um pouco, para nos deixarem com uma certa vergonha secreta  durante os  próximos 20 anos.

Faz parte da vida. Não é razão para embaraço. São mais parvos aqueles que criticam, provavelmente também com telhados de vidro, que nunca souberam assumir os gostos que já tiveram. 

E um bem haja às mães que vão com os filhos mesmo sabendo que é uma fase.

P.s. Post dedicado à minha mana caçula que achou por bem inscrever nas obrigações familiares idas a concertos dos DZRT e dos Black Eyed Peas.

The Wednesday Breakdown




E estando a ver uma série, que até não é assim tão boa quanto isso, um dos meus pequenos delitos culturais - Army Wives - oiço uma das minhas músicas favoritas, tocada em toda a sua extensão. Ganho o dia.


12.3.13

Patins: O início



Encontrei este vídeo no facebook de um amigo e lembrei-me de uma foto que tinha armazenada no computador. 
Da evolução fazem  parte tentativas e erros. E o que chamamos de antigo já foi a novidade algures nos tempos passados.


1905


Já estou cansada de ver as reportagens da colónia do Inatel em visita à Capela Sistina. By the way, tanta gente reunida na capela, com respiração e fumo à mistura, não será maléfico para as pinturas?

De ponta cabeça





"Não só a sensibilidade é universal – a inteligência é exterior e universal.
O universo é uma vibração. A vida é uma vibração na vibração.

Toda a teoria mecânica do universo é absurda. Daqui a alguns anos todos os sistemas serão ridículos – até o sistema planetário."

-Raul Brandão, nascido a 12 de Março de 1867
[in Húmus, 1917]

Mal Dito - Festival de Poesia de Coimbra



E porque não um festival de poesia? Embora esteja a maior parte desse fim de semana fora talvez, dia 21 ainda me apanhem na Casa da escrita. 

Para mais informações procurar aqui e aqui.

11.3.13

Museu de Etnografia - 5






Estamos tão embutidos num mundo de palavras escritas que nos esquecemos frequentemente que até há 40 anos atrás estas escasseavam. Toda a educação e comunicação assentavam na palavra falada e em imagens. Obviamente que hoje ainda existem locais onde a escrita é bem mais que rara e as imagens ainda desempenham o seu papel pedagógico. 
No caso da tampas de panela de Cabinda, feitas em madeira, as representações tendem a ilustrar ditados comuns, usados na oralidade tendo assim um papel utilitário, pedagógico, de lembrete e perpetuação da cultura popular local e também artístico.

Mais sobre estas tampas de panela aqui.
Se há pessoa que gosto de ouvir cantar-tudo-como-se-fosse-fado-mas-no-final-de-contas-não-é é Cristina Branco. E ela tem um álbum novo (que ando viciada a ouvir no Spotify, essa benção para gente que gosta de música) que assenta que nem uma luva ao Portugal de hoje. É assim que se faz intervenção...


Uma nota para a capa do álbum - Alegria - que é 
lindíssima.



 
Tenho ansiedade e emotividade para dar  e vender. Até recentemente estas características, embora despontassem de tempos a tempos, estavam mais ou menos controladas mas nas últimas semanas ando com cada vez mais ansiedade, ligada a coisas boas e más, extrapolo a dimensão de tudo e torno-me uma velha rezingona, uma grávida emocional ou uma criança mimada num piscar de olhos. Na minha recente visita ao Porto acabei o Domingo no hospital por ter tido um ataque de ansiedade de tanta coisa que tinha para ver e por estar com contente. Enfim...
Sei que isto não é nada de problemático se considerar todas as coisas más que fisicamente nos podem afectar mas ter a nossa psique a influenciar de modo tão pouco controlável as minhas emoções também não é nada bom...vou da apatia à excitação como um carro de F1 dos 0 aos 100.

Posto isto tenho as pessoas mais próximas a dizerem-me para ir ao psicólogo...eu torço muito o nariz... e acho que uma boa solução será trocar a ida ao psicólogo por um ginásio ou actividade desportiva, as hormonas da boa disposição despertam e sempre liberto a ansiedade entre exercícios...com o bónus de me cansar ao ponto de adormecer sem querer (o que para mim que tenho insónias é um bónus). 
Que vos parece?

9.3.13

Porque nem tudo deve ser cantado



Gonçalo M. Tavares por Cristina Branco

Detesto paternalismos de género e por isso não sou fã do dia da Mulher mas tinha isto aqui guardado para um dia e olhem ontem foi o dia (postado hoje por extrema preguiça em vir ao portátil ontem)


"A Mulher portuguesa zangada não é o «Agarrem-me senão eu mato-o» dos homens: agarra mesmo, e mata mesmo. Se a Padeira de Aljubarrota fosse padeiro, é provável que se pusesse antes a envenenar os pães e ir servi-los aos castelhanos, em vez de sair porta fora com a pá na mão. "



A Mulher Portuguesa Tem um Bocado de Pena dos Homens 

 " A mulher portuguesa não é só Fada do Lar, como Bruxa do Ar, Senhora do Mar e Menina Absolutamente Impossível de Domar. É melhor que o Homem Português, não por ser mulher, mas por ser mais portuguesa. Trabalha mais, sabe mais, quer mais e pode mais. Faz tudo mais à excepção de poucas actividades de discutível contribuição nacional (beber e comer de mais, ir ao futebol, etc). Portugal (i.e., os homens portugueses) pagam-lhe este serviço, pagando-lhes menos, ou até nada.

O pior defeito do Homem português é achar-se melhor e mais capaz que a Mulher. A maior qualidade da Mulher Portuguesa é não ligar nada a essas crassas generalizações, sabendo perfeitamente que não é verdade. Eis a primeira grande diferença: o Português liga muito à dicotomia Homem/Mulher; a Portuguesa não. O Português diz «O Homem isto, enquanto a Mulher aquilo». A Portuguesa diz «Depende». A única distinção que faz a Mulher Portuguesa é dizer, regra geral, que gosta mais dos homens do que das mulheres. E, como gostos não se discutem, é essa a única generalização indiscutível.

A Mulher Portuguesa é o oposto do que o Homem Português pensa. Também nesta frase se confirma a ideia de que o Homem pensa e a Mulher é, o Homem acha e a Mulher julga, o Homem racionaliza e a Mulher raciocina. E mais: mesmo esta distinção básica é feita porque este artigo não foi escrito por uma Mulher.

Porque é que aquilo que o Homem pensa que a Mulher é, é o oposto daquilo que a Mulher é, se cada Homem conhece de perto pelo menos uma Mulher? Porque o Português, para mal dele, julga sempre que a Mulher «dele» é diferente de todas as outras mulheres (um pouco como também acha, e faz gala disso, que ele é igual a todos os homens). A Mulher dele é selvagem mas as outras são mansas. A Mulher dele é fogo, ciúme, argúcia, domínio, cuidado. As outras são todas mais tépidas, parvas, galinhas, boazinhas, compreensíveis.

Ora a Mulher Portuguesa é tudo menos «compreensiva». Ou por outra: compreende, compreende perfeitamente, mas não aceita. Se perdoa é porque começa a menosprezar, a perder as ilusões, e a paciência. Para ela, a reacção mais violenta não é a raiva nem o ódio – é a indiferença. Se não se vinga não é por ser «boazinha» – é porque acha que não vale a pena.

A Mulher Portuguesa, sobretudo, atura o Homem. E o Homem, casca grossa, não compreende o vexame enorme que é ser aturado, juntamente com as crianças, o clima e os animais domésticos. Aturar alguém é o mesmo que dizer «coitadinho, ele não passa disto…» No fundo não é mais do que um acto de compaixão. A Mulher Portuguesa tem um bocado de pena dos Homens. E nisto, convenhamos, tem um bocado de razão.

O que safa o Homem, para além da pena, é a Mulher achar-lhe uma certa graça. A Mulher não pensa que este achar-graça é uma expressão superior da sua sensibilidade – pelo contrário, diverte-se com a ideia de ser oriundo de uma baixeza instintiva e pré-civilizacional, mas engraçada. Considera que aquilo que a leva a gostar de um Homem é uma fraqueza, um fenómeno puramente neuro-vegetativo ou para-simpático – enfim, pulsões alegres ou tristemente irresistíveis, sem qualquer valor.

E chegamos a outra característica importante. É que a Mulher Portuguesa, se pudesse cingir-se ao domínio da sua inteligência e mais pura vontade, nunca se meteria com Homem nenhum. Para quê? Se já sabe o que o Homem é? Aliás, não fossem certas questões desprezíveis da Natureza, passa muito bem sem os homens. No fundo encara-os como um fumador inveterado encara os cigarros: «Eu não devia, mas.. » E, como assim é, e não há nada a fazer, fuma-os alegremente com a atitude sã e filosófica do «Que se lixe».
Homens, em contrapartida, não podiam ser mais dependentes. Esta dependência, este ar desastrado e carente que nos está na cara, também vai fomentando alguma compaixão da parte das mulheres. A Mulher Portuguesa também atura o Homem porque acha que «ele sozinho, coitado; não se governava». O ditado «Quem manda na casa é ela, quem manda nela sou eu» é uma expressão da vacuidade do machismo português. A Mulher governa realmente o que é preciso governar, enquanto o homem, por abstracção ou inutilidade, se contenta com a aparência idiota de «mandar» nela. Mas ninguém manda nela. Quando muito, ela deixa que ele retenha a impressão de mandar. Porque ele, coitado, liga muito a essas coisas. Porque ele vive atormentado pelo terror que seria os amigos verificarem que ele, na realidade, não só na rua como em casa não «manda» absolutamente nada. «Mandar» é como «enviar» – é preciso ter algo para mandar e algo ao qual mandar. Esses algos são as mulheres que fazem.

O Homem é apenas alguém armado em carteiro. É o carteiro que está convencido que escreveu as cartas todas que diariamente entrega. A Mulher é a remetente e a destinatária que lhe alimenta essa ilusão, porque também não lhe faz diferença absolutamente nenhuma. Abre a porta de casa e diz «Muito obrigada». É quase uma questão de educação.

A imagem da «Mulher Portuguesa» que os homens portugueses fabricaram é apenas uma imagem da mulher com a qual eles realmente seriam capazes de se sentirem superiores. Uma galinha. Que dizer de um homem que é domador de galinhas, porque os outros animais lhe metem medo?
Na realidade, A Mulher Portuguesa é uma leoa que, por força das circunstâncias, sabe imitar a voz das galinhas, porque o rugir dela mete medo ao parceiro. Quando perdem a paciência, ou se cansam, cuidado. A Mulher portuguesa zangada não é o «Agarrem-me senão eu mato-o» dos homens: agarra mesmo, e mata mesmo. Se a Padeira de Aljubarrota fosse padeiro, é provável que se pusesse antes a envenenar os pães e ir servi-los aos castelhanos, em vez de sair porta fora com a pá na mão. "

Miguel Esteves Cardoso, in ' A Causa das Coisas '

Rescaldo Fantas - A arte de Paulo Neves


Quando fui ao Fantas dei de caras com umas esculturas expostas nos átrios das salas do Rivoli que muito me encantaram. Eram de madeira, representavam figuras antropomorfas e achei que muito se adequavam ao festival já que embora lembrando figuras humanas tinham uma leveza (também conferida pelo material em que foram esculpidas- a madeira) que as tornavam muito etéreas.
Sempre que passava por eles tentava lembrar-me do local onde tinha visto esculturas semelhantes, certamente do mesmo autor, mas que sabia terem sido esculpidas em pedra.

Passado uns dias tive que ir pesquisar no mundo virtual e lá descobri. Não consegui lembrar-me de onde as tinha visto porque na realidade as encontrei em três locais distintos, em Penedono, Vila Franca de Xira e Alfandega da Fé, tendo-se todas fundindo num conglomerado que se fixou na minha memória menos acessível.


O autor - Paulo Neves - imprime uma tal identidade e originalidade às suas peças que é impossível confundi-las. A experiência de as presenciar é muito interessante e, sobretudo no caso das expostas no Fantas, extremamente magnetizante.

Mais trabalhos do autor, aqui.

P.s. Também expostas no Fantasporto estão uma série de fotografias das divas do cinema - “Les Stars du Cinéma Français” e “Divas do Cinema” - em colaboração com o Museu do Cinema de Melgaço (de que desconhecia a existência)



Tenho trabalho a rodos! Não me posso queixar de ter tempos mortos... Entre coisas do emprego e da investigação lá vão, no entanto, sobrando uns tic-tacs do relógio para as passeatas em Lisboa e mimar os próximos do coração.
Aqui o sr. Dale compõe a banda sonora da boa disposição.

7.3.13


Aqui há semanas comprei num alfarrabista uma publicação de 1957 chamada "Ronda da História". Aparentemente esta foi a primeira publicação do género em Portugal e isso é de louvar. Entre alguns artigos bem escritos e relativamente fidedignos há coisas absurdas. Como a minha máquina não estava  colaborar aqui ficam duas fotos desfocadas de algumas das pérolas que encontrei.

Atentem na bolinha vermelha...

Eu iria mais pela teoria do "teria sido um MACACO?"

Their Satanic Majesties Request


Christopher Lee, Vincent Price, John Carradine, and Peter Cushing 
by Terry O´Neill (1983)
 
 
"To win a woman, take her with you to see Dracula."
 
Bela Lugosi

 
 
 
 

6.3.13

Tenho um post famoso num fórum!!


Andava a receber um grande número de visitas direccionadas de um site sobre transportes (sim aqueles que nos levam de um lado para o outro). Pensei e pensei e não percebia o que podia ter escrito no blog que originasse tal fluxo de gente.
Tentei aceder ao link e era um fórum de transportes rodoviários mas tinha que me registar para ver o post. Tentei registar-me mas como sou naba errei umas cinco vezes aqueles números e letras que servem para provar que não somos robots e não me deixaram tentar mais vezes.
Até que me lembrei de ir ver o top de posts mais vistos esta semana e destacou-se um de Dezembro de 2012, o que, sendo coisa antiga, indicava que podia ser o tal.

Ele aqui está. Faz todo o sentido que apareça num fórum de transportes e é querido que achem piada e venham aqui ler.

O álbum clássico do mês por estas bandas



Curtas Fantas, Colheita 2013







Muito bonito visualmente, não percebi nada da história.


Completamente Tim Burton. Até a música parece de Danny Elfman. Há uma cena inspirada no Jack, do Estranho Mundo. Mas no final é muito querido e ternurento.


A minha curta favorita desta fornada. Tenho um gosto especial em animações para gente crescida. Esta em particular foi inspirada numa história real.


Adorei a animação. Não tanto o tema. Mas ficam a saber uma história alternativa sobre a origem do Pai Natal.

O Fidel é que a sabe toda. É vê-los cair.

Ps. Do Chavéz não tenho nada a dizer a não ser que quando falava gostava de o ouvir. Mas quando os líderes são chorados genuinamente pelo seu povo (e é esse o avaliador) é porque fizeram algo de bom.

O Porto antes dos 27



 Os meus pais sempre nos levaram a laurear a pevide. Um domingo não era domingo sem que se saísse de casa para visitar qualquer coisa. As viagens para a aldeia da minha mãe, no distrito da Guarda, eram pretexto de desvios para outras terras e irmos conhecendo um pouco mais de Portugal.
Imprimi as mesma necessidades de passeata em todos os namoros. Sei onde estive e com quem. Os amigos também se juntavam a um ou outro passeio, sobretudo a partir da faculdade, quando temos as desculpas dos congressos e palestras.
Quando comecei a trabalhar (e mesmo antes disso já que o meu curso tem a possibilidade de fazer voluntariado nos meses de verão) iniciei a minha fase andarilha. Tirando Lisboa, o meu poiso parental, nunca paro mais que uns meses (na grande loucura um ano) no mesmo sítio. O meu coração está assim distribuído por muitas terras.

Mesmo com tanto andar para cima e para baixo em Portugal nunca estive mais que 24 horas no Porto. Antes do fim de semana passado foram apenas três as vezes que fui à Invicta.
A primeira, em 2002, foi uma visita de estudo. Nós de humanidades não tínhamos visitas e assim só conseguíamos sair dos subúrbios de Lisboa quando nos colávamos às turmas de economia e artes. Desse modo conseguimos ir à Marinha Grande e fábrica da Triunfo (Economia), Coimbra ver a Biblioteca Joanina (lá puxámos os cordões para ver qualquer coisa relacionada com Humanidades) e sair pela primeira vez num ambiente de gente grande (alunos universitários de 18 a 22 anos ahaha) para a extinta Via Latina e o mítico CCB (lêr Centro Cultural Dom Dinis) onde acabámos todos ébrios - obra do martini metz. No dia seguinte foram os alunos de artes os satisfeitos com uma visita a Serralves. Já na altura achei maravilhoso e o meu conceito de arte era regido por comic books e graphic novels.

Ora então está a Lili de 17 anos no Porto. Depois de Serralves tínhamos uma tarde só para nós. Sei que saímos da praça da Batalha e descemos até aos Aliados subindo depois para os Clérigos (obrigatório nos imaginários de qualquer não portuense). Fotos, fotos, fotos. Livraria Lello (ainda se podia fotografar). Estas escadas que giro. Para comemorar comprei um postal exactamente igual à fotografia (que ainda era analógica) que tinha tirado dois minutos antes. Descemos. Olha o Macdonalds, tão giro (fomos comer ao Mac). A visita ficou arrumada com um café tomado no Magestic (onde gastei o resto do dinheiro que tinha levado num café que não era nem metade do que bebia no Sr. Oliveira da minha rua). Avancemos.

Em 2003 voltei inesperadamente ao Porto... Por 20 minutos. O objectivo era ir Festival Ilha do Ermal mas o namorado da altura achou que era um esticão para a sua, ainda inexperiente, condução e sugeriu irmos de comboio. Eu agradeci. Foi também a minha primeira experiência num Alfa (achei fraquinho, até hoje não paguei mais para andar no Alfa). Chagámos à Campanhã e uma das vistas mais bonitas do Porto é a chegada de comboio por Gaia, sobretudo se o sol estiver nas duas últimas horas de luz. Se estava deslumbrada mais fiquei com a pequena viagem, entre túneis, para chegar a São Bento. Com São Bento caiu-me o queixo. Adoro estações de comboios, esta era a mais bela que já tinha visto. Passado três minutos estava a entrar num  carro de um amigo e fui passar a noite a Leça da Palmeira (era de noite não vi nada) antes de me dirigir no dia seguinte para  o Ermal.

Finalmente em 2011 fui dormir ao Porto. Um namorado tinha a mãe a viver por lá e como ele vivia acima do rio Douro era muito mais prático ir aos concertos na Invicta. A banda: Arctic Monkeys. O local: o Coliseu. Desta vez fui eu a conduzir. Tinha um medo que me pelava de conduzir no Porto eu que na condução sou toda destemida) mas até me desenrasquei bem. Descobri finalmente que o local onde se conduz pior e  existem os mais ranhosos peões é mesmo Coimbra. Ponto para o Porto. A casa da quase sogra era na Prelada, um sítio até engraçado não fossem os prédios altos de mais para o meu gosto. No entanto tinha um restaurante de sushi lá perto que muito me agradou. Estacionado o carrinho preferi apanhar os transportes até aos Aliados. Fomos comer ao Via Catarina (dos centros comerciais mais agradáveis que conheço) e ale para o concerto. O Coliseu do Porto é muito encantador. De fora ninguém imagina. O concerto foi bom, o som foi bom e o público também. Já tínhamos um ratinho na barriga e decidimos ir ao Piolho (de que eu desconhecia a existência, shame on me). Lá passei novamente (e desta vez de noite) pelos Clérigos e Lello (reconhecendo os locais de 2002) e fiquei a saber onde era a Reitoria (mui bonita) e o Piolho (óptimas imperiais finos). Sei que emborquei uma data delas e como era um grupo jeitoso nem uma paguei. Adorei! Depois do Piolho fomos a um bar, Altar Bar, ouvir um amigo por música (não faço ideia onde fica). Cheguei a casa e morri para a vida.

Sempre gostei do que vi no Porto. Nunca tinha usufruído. Urgia uma visita como devia ser (mas isso é tema para outro post).

P.s. Ainda pensei colocar aqui uma foto da Lili de 2002 na Torre dos Clérigos mas quis poupar-vos (e a mim) a uma visão de uma pulga, com cara de 12 anos, mascarada vestida de metaleira.

The Wednesday Breakdown



5.3.13




[MAS OS POETAS?]

Mas os poetas? Onde ficaram os poetas?
Que é dos pintores do meu país estranho?

Não faz mal. A poesia está ali.
Em tudo. A toda a hora.

*


SEBASTIÃO DA GAMA, in OBRAS DE SEBASTIÃO DA GAMA - VI - O SEGREDO É AMAR (Ática, 2ª ed. 1969, com prefácio de MATILDE ROSA ARAÚJO)
  Excerto final do texto "Campismo e Poesia", dedicado a Jaime Bastos e publicado originalmente no "Jornal do Barreiro"



Há 15 anos era uma miúda.São várias as coisas que esqueci (que os 20 anos da TVI tem trazido de volta)  e outras que retive sem o querer. Algumas são situações, outras pessoas. Uma pequena parte gente que conheço e outra, bem grande, gente que me chega por outros meios, televisão, jornais, etc.
Sem o querer há uma família que se tornou recorrente ao longo desses anos. 
Vi as suas caras envelhecerem com as lágrimas que mais tarde secaram com o sofrimento. Vi os olhos perderem o ânimo, mas nunca a esperança. Lembro-me do avô e da irmã pequena. Agora julgo que é médica. Um orgulho e uma coragem que nascem da dor e do amor filial. 
Há muitos ombros nessa casa, ombros que se colam uns aos outros para suportar o peso da dor e esperarem juntos, unidos, que o futuro seja amigo.
De vez em quando penso neles, mesmo quando não aparecem na televisão, e é aí que sei que fazem também parte da minha história. Não é curiosidade, não é pena, é um género de afinidade, de (felizmente apenas) imaginar o que é ser aquela família que se tornou o rosto conhecido de inúmeras outras.

Também eu ontem sorri, pela primeira vez, com a família do Rui Pedro.