18.2.14



PROMESSA DE UMA NOITE

cruzo as mãos
sobre as montanhas
um rio esvai-se
ao fogo do gesto
que inflamo

a lua eleva-se
na tua fronte
enquanto tacteias a pedra
até ser flor


MIA COUTO, IN "RAIZ DE ORVALHO E OUTROS POEMAS" (Caminho, 2009)

Set my Mood!



Ando muito aficcionada destas meninas 
(muito em parte porque me fazem lembrar isto).

16.2.14

by Gaudenzio Marconi (1875)

"It is a nostalgic time rigth now, and photographs actively promote nostalgia. Photography is an elegiac art, a twiligth art. Most subjects photogtaphed are, just by virtue of being photographed, touched by phatos. An ugly or grotesque subject may be moving because it has been dignified by the attention of the photographer. A beautiful subject can be the object of rueful feelings, because it has aged or decayed or no longer exists. All photographs are memento mori. To take a photograph is to participate in another person´s (or thing´s) mortality, vulnerability, mutability. Precisely by slicing out this moment and freezing it, all photographs testify to time´s relentless melt."

Susan Sontag in On Photography

Como ouvir um concerto de The Beatles sem sair do sofá!



Depois de sermos inundados por reportagens, vídeos e imagens da chegada dos Beatles aos USA achei por bem mostrar o reverso da moeda. Uma catuação emblemáticapor ser a última. 
Para recordar.

13.2.14

Por um punhado (vá lá, dois) de Mirós!



Que fique já registado que gosto de Miró. Esteticamente. Lá está, é um gosto. Não percebo quase nada de arte (e o quase aqui pode lêr-se "mana historiadora de arte") e para mim as coisas resumem-se a gosto, não gosto e "tem importância histórica ou cultural".
O caso dos Mirós podia sair de uma lenda monphyntoniana. Um banca bandido rouba ao povo e (para além de outras coisas menos recomendáveis) decide comprar 80 e tal Mirós. Até ver, apenas porque sim. O banco vai à falência e o Estado Soberano decide comprar a cidade a arder. No meio de compra, que pelo que me apercebi só trouxe prejuizos, vêm os 80 e tal Mirós. Isto é tipo o maná no deserto mas o Estado Soberano, em vez de se nutrir com o que caiu dos céus, preservar algo de bom, decide vender o maná dos céus. Isto, quando há publicidade massiva a uma exposição no Museu Nacional de Arte Antiga com importantíssimas obras do Estado... espanhol. Ou quando se investiu imenso dinheiro numa exposição de obras de arte russas... onde? onde?... no Palácio Nacional da Ajuda.
Como se pode ver somos muito bons a dar casa a obras não portuguesas. O mal aqui está em como de repente até as obras estrangeiras são repudiadas. Dá para vender? Então vamos a isso!
Há vários monumentos nacionais que podem ser alugados para eventos. Acho justo. Se se pode rentabilizar o património sem o danificar ou desfigurar o seu carácter, o Estado, que é o dono, deve fazê-lo. Mantendo o acesso livre ao público obviamente e usando o dinheiro no próprio imóvel. Mas quando se começa a vender o património cultural a situação torna-se muito grave. Fico mesmo nauseada. Por me atingir tão de perto demorei muito a escrever sobre isto e o texto sai de forma totalmente incoerente. 
O caso dos Mirós é mais do que o caso de um Estado que não vê o valor cultural e a mais valia que tais obras fariam ao seu acervo (até os Nazis queriam obras de arte...pilhadas é certo, mas não se pode ter tudo). O caso dos Mirós põe a nú o que muita gente já tinha visto: um Estado cuja definição ofende os asnos, cego culturalmente, sem escolaridade e formação. Este Estado são as pessoas que o compõem, um produto das tão mencionadas Jotas, que ascendem com cursos tirados aos fins de semana, que nunca exercem, por saberem que é a "lamber cús" que se sobe na vida. Assim, sem qualquer amor-próprio e guiados pela ganância vão os asnos Jotas subir os degraus da liderança governativa. 
Leram um livro? Visitaram um museu (algo nunca visto numa campanha eleitoral)? Foram visto na estreia de um filme português? Sabem que a cultura é que define um povo? Que cidadãos esclarecidos são melhores em TUDO!! 
Há, esperem, pois... também são melhores e mais sagazes a entender quando lhes estão a colocar uma venda nos olhos. Se calhar vão protestar.

Mas na realidade, depois de se cansarem, com os seus cursos, feitos académicos e profissionais e com a vontade que têm de trabalhar vão cansar-se e sair. Assim ficam por aqui os "bons cidadãos" aqueles que no facebook falam da pala do Estádio da Luz, do divórcios dos outros e da chuva e ventos fortes que (incrível) lhes molham a roupa.

E agora aqui fica uma imagem alusiva. Como Miró pode dar com chuva, vento e rua (nas Ramblas em Barcelona). Basta não prostituir a cultura.


11.2.14



Alguns acham sexista e misógeno. O que eu vejo é uma mulher confortável com a o seu corpo e com a sua postura. E um homem que a aprecia por isso.
É a Beyonce e por isso um guilty pleasure mas a música é realmente muito boa.

10.2.14

Já se sabe até à exaustão



A Stephanie é muito má, trás muito vento, chuva e barulho durante a noite.

A cobertura do Estádio da Luz foi comprada nos trezentos.

Depois, quando recuperarem destes dois abalos, admirem-se que nos entretantos já se tenham desfeito dos Mirós!

From abroad


Lili on the bridge

"Não há decepções possíveis para um viajante, que apenas vê de passagem o lado belo da natureza humana e não ganha tempo de conhecer-lhe o lado feio."  

Machado de Assis

Duas palavras: London Grammar

Pim!



Pam!




Pum!

 
 

Uma curta por semana: Its Got Me Again (1931)



Uma das primeiras produções da Merries Melodies esta curta metragem vai buscar o nome a uma canção (música por Bernice Petkere, letra por Irving Caesar) que lhe serve de banda sonora. Foi nomeada para o Óscar de melhor curta-metragem de animação, em 1932, o primeiro ano em que foi incluída essa categoria.

De estranhar a grande semelhança entre os personagens e o Mickey e Minnie da Disney e também o ar realmente ameaçador do gato (prelúdio de Tom).

9.2.14



"It seems positively unnatural to travel for pleasure without taking a camera along. Photographs will offer indisputable evidence that fun was had. Photographs document sequences of consuption caried on outside the view of family, friends, neighbors. (...) Taking photographs fills the same need for the cosmopolitans accumulating photograph-thophies(...).

A way of certifying experience, taking photographs is also a way of refusing it - by limiting experience to a search for the photogenic, by converting experience into an image, a souvenier. The very activity of taking pictures is soothing, and assuages general feelings of desorientation that are likely to be exarcebated by travel. Most tourists feel compelled to put the camera between themselfs and whatever is remarkeble that they encounter. Unsure of other responses, they take a picture. This gives shape to experience: stop, take a photograph and move on. The method especially appeals to people handicapped by a ruthless work ethic - Germans, Japanese, and Americans. Using a camera appeases the anxiety which the work-driven feel about not working when they are on vacation and supposed to be having fun. They have something to do that is like a friendly imitation to work: they can take pictures."

Susan Sontang, On Photography, 1971

Recentemente fui viajar. Fazer turismo na verdade. E fui confrontada com uma decisão: andar a tirar fotografias de tudo o que via, dos edifícios iconográficos e de peças expostas ou viver as experiências com o prejuizo de que tirar fotografias enquanto se aprecia, sei lá, uma sopa vietnamita, não acrescenta nada às sensações que compõem o degustar. Curiosamente comprei este pequeno e luminoso ensaio de Susan Sontang nessa viagem tendo apenas começado a ler no avião que me retornou a Portugal.
Ainda assim, fiz uma escolha de compromisso, andei a fotografar uma ou outra referência turística (e sim, a comida), mas também as ruas e as pessoas. E existitam alguns momentos, tão gigantescos, em que simplesmente me esqueci de que tinha uma  câmara. Nada há como viver.

Sublinhados da minha autoria

Como ouvir um concerto de Poliça sem sair do sofá!



Poliça. 
Para quem quiser assistir ao vivo basta ir ao Optimus alive no próximo Verão.


Hoje é o dia ou como o amor nos (es)colhe…

Viajo na tua pele de marfim
que me deixaste em reminiscência...
sorvo-te as palavras
os gestos
bebo-te o suor na distância da corrida
para não te perder
de vista
em janelas de castelos onde és rei dos meus
afectos
entorno o olhar na tarde que tomba
d
i
r
e
i
t
a
ao peito
neste corpo marcado pelos teus poros
pelo teu saber de mim sem o toque de veludo que
imaginas sentir
neste corpo onde pairo em esperas
infinitas
sem suportar demoras do tempo que não
tenho
saliva
lágrima
ou
sémen
vivo
de memória(s)
que invento.

Um dia
meu amor,
saberás
o sabor agridoce do meu sangue
o perfume da minha carne firme
e
perder-te-ás no meu olhar de mel, quando
eu já tiver partido.


ANAMAR, in ESCRITO NAS ÁRVORES (Ed. Colibri, 2011)

Ahh a juventude!



Conhecidos por, de tempos  a tempos, soltarem na terra sons que nos vão assombrar um ano inteiro (ainda que se não fossem tão tocadas as músicas seriam boas), estes meninos já cá andam desde 1989!! 

Aqui fica uma entrevista de uma epóca naif ("recebemos muitas mensagens por fax!") e que nos dá a sensação de que um dos meninos é luso descendente (dá sempre pontos extra)!