6.3.13

O Porto antes dos 27



 Os meus pais sempre nos levaram a laurear a pevide. Um domingo não era domingo sem que se saísse de casa para visitar qualquer coisa. As viagens para a aldeia da minha mãe, no distrito da Guarda, eram pretexto de desvios para outras terras e irmos conhecendo um pouco mais de Portugal.
Imprimi as mesma necessidades de passeata em todos os namoros. Sei onde estive e com quem. Os amigos também se juntavam a um ou outro passeio, sobretudo a partir da faculdade, quando temos as desculpas dos congressos e palestras.
Quando comecei a trabalhar (e mesmo antes disso já que o meu curso tem a possibilidade de fazer voluntariado nos meses de verão) iniciei a minha fase andarilha. Tirando Lisboa, o meu poiso parental, nunca paro mais que uns meses (na grande loucura um ano) no mesmo sítio. O meu coração está assim distribuído por muitas terras.

Mesmo com tanto andar para cima e para baixo em Portugal nunca estive mais que 24 horas no Porto. Antes do fim de semana passado foram apenas três as vezes que fui à Invicta.
A primeira, em 2002, foi uma visita de estudo. Nós de humanidades não tínhamos visitas e assim só conseguíamos sair dos subúrbios de Lisboa quando nos colávamos às turmas de economia e artes. Desse modo conseguimos ir à Marinha Grande e fábrica da Triunfo (Economia), Coimbra ver a Biblioteca Joanina (lá puxámos os cordões para ver qualquer coisa relacionada com Humanidades) e sair pela primeira vez num ambiente de gente grande (alunos universitários de 18 a 22 anos ahaha) para a extinta Via Latina e o mítico CCB (lêr Centro Cultural Dom Dinis) onde acabámos todos ébrios - obra do martini metz. No dia seguinte foram os alunos de artes os satisfeitos com uma visita a Serralves. Já na altura achei maravilhoso e o meu conceito de arte era regido por comic books e graphic novels.

Ora então está a Lili de 17 anos no Porto. Depois de Serralves tínhamos uma tarde só para nós. Sei que saímos da praça da Batalha e descemos até aos Aliados subindo depois para os Clérigos (obrigatório nos imaginários de qualquer não portuense). Fotos, fotos, fotos. Livraria Lello (ainda se podia fotografar). Estas escadas que giro. Para comemorar comprei um postal exactamente igual à fotografia (que ainda era analógica) que tinha tirado dois minutos antes. Descemos. Olha o Macdonalds, tão giro (fomos comer ao Mac). A visita ficou arrumada com um café tomado no Magestic (onde gastei o resto do dinheiro que tinha levado num café que não era nem metade do que bebia no Sr. Oliveira da minha rua). Avancemos.

Em 2003 voltei inesperadamente ao Porto... Por 20 minutos. O objectivo era ir Festival Ilha do Ermal mas o namorado da altura achou que era um esticão para a sua, ainda inexperiente, condução e sugeriu irmos de comboio. Eu agradeci. Foi também a minha primeira experiência num Alfa (achei fraquinho, até hoje não paguei mais para andar no Alfa). Chagámos à Campanhã e uma das vistas mais bonitas do Porto é a chegada de comboio por Gaia, sobretudo se o sol estiver nas duas últimas horas de luz. Se estava deslumbrada mais fiquei com a pequena viagem, entre túneis, para chegar a São Bento. Com São Bento caiu-me o queixo. Adoro estações de comboios, esta era a mais bela que já tinha visto. Passado três minutos estava a entrar num  carro de um amigo e fui passar a noite a Leça da Palmeira (era de noite não vi nada) antes de me dirigir no dia seguinte para  o Ermal.

Finalmente em 2011 fui dormir ao Porto. Um namorado tinha a mãe a viver por lá e como ele vivia acima do rio Douro era muito mais prático ir aos concertos na Invicta. A banda: Arctic Monkeys. O local: o Coliseu. Desta vez fui eu a conduzir. Tinha um medo que me pelava de conduzir no Porto eu que na condução sou toda destemida) mas até me desenrasquei bem. Descobri finalmente que o local onde se conduz pior e  existem os mais ranhosos peões é mesmo Coimbra. Ponto para o Porto. A casa da quase sogra era na Prelada, um sítio até engraçado não fossem os prédios altos de mais para o meu gosto. No entanto tinha um restaurante de sushi lá perto que muito me agradou. Estacionado o carrinho preferi apanhar os transportes até aos Aliados. Fomos comer ao Via Catarina (dos centros comerciais mais agradáveis que conheço) e ale para o concerto. O Coliseu do Porto é muito encantador. De fora ninguém imagina. O concerto foi bom, o som foi bom e o público também. Já tínhamos um ratinho na barriga e decidimos ir ao Piolho (de que eu desconhecia a existência, shame on me). Lá passei novamente (e desta vez de noite) pelos Clérigos e Lello (reconhecendo os locais de 2002) e fiquei a saber onde era a Reitoria (mui bonita) e o Piolho (óptimas imperiais finos). Sei que emborquei uma data delas e como era um grupo jeitoso nem uma paguei. Adorei! Depois do Piolho fomos a um bar, Altar Bar, ouvir um amigo por música (não faço ideia onde fica). Cheguei a casa e morri para a vida.

Sempre gostei do que vi no Porto. Nunca tinha usufruído. Urgia uma visita como devia ser (mas isso é tema para outro post).

P.s. Ainda pensei colocar aqui uma foto da Lili de 2002 na Torre dos Clérigos mas quis poupar-vos (e a mim) a uma visão de uma pulga, com cara de 12 anos, mascarada vestida de metaleira.

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