31.10.12




Faço parte de uma comunidade online de leitores, o GoodReads, que me permite avaliar os livros que leio juntamente com outros milhões de pessoas, descobrir todas as obras de um autor, ler excertos de novos livros, criar listas, etc. No início de cada ano a comunidade também nos pede para estabelecer um objectivo de leitura anual e depois à medida que vamos inserindo os livros que concluímos vai-nos informando da percentagem que ainda falta para cumprir o objectivo. Giro não é? Ora no ano passado o meu objectivo foi de 25 livros, o que cumpri e penso que até ultrapassei. Para este ano tentei aumentar a parada e subi para 30 livros. Como já não ia ao site há uns meses ontem fui colocar em dia as minhas últimas leituras, toda contente, e qual o meu espanto quando vi que a dois meses do fim do ano ainda me falta ler 10!!! livros. Não gosto nada de falhar estas metas pessoais e vou fazer uma pequena batota, ler tudo o que é livro fininho até ao final de Dezembro. A vantagem? Muitas noites em casa, enrolada em mantas, com a caneca de chá nas mãos ou seja dinheiro poupado em rambóias e saídas.

E fica o conselho, se gostarem de ler dêem uma vista de olhos ao Goodreads (depois mandem mensagem para o mail com o vosso nome na comunidade e eu adiciono à minha rede de amigos).

Voltaram os anjinhos de Natal, que permitem oferecer um presente/roupa, a crianças de famílias necessitadas que não o poderiam fazer. Mais aqui . (eu já tenho o meu anjinho)
 Esta iniciativa do Exército da Salvação é importante para muitas crianças e julgo ser cada vez mais necessária a entre ajuda e os pequenos gestos em tempos de pouca abundância. 

Por mais brilhante e grande cantadeira de Fado que a menina seja não gosto da Cuca Roseta, primeiro porque tem um nome vá lá parvo... depois, e mais importante que tudo, foi a menina que deu voz à música de Janeiro a Janeiro do Pingo Doce. E essas coisas não se esquecem.

The Wednesday Breakdown






"A linguagem é a casa onde o homem mora"

  in, 2 ou 3 choses que je sais d'elle,  Jean Luc Godard

Cover me up




M.I.A a transformar um sample dos The Clash numa batida bollywoodesca.


30.10.12



Hey! Hey! Já repararam que ir ao teatro é agora mais barato do que ir ao cinema? E evitam o centro comercial... Passeiam na rua e ainda comem umas castanhas assadas! ora vejam lá num teatro perto de casa.


A Burricadas é uma associação fundada com o intuito de preservar a espécie e ajudar a cuidar de animais feridos ou doentes. mais recentemente tem colaborado com pessoas com deficiência em terapêuticas que envolvem os animais. Posso dizer que tenho conhecimento de casos de grande sucesso, com pessoas que se descobrem à medida que a interacção com os animais aumenta. É por isso um projecto lindo e de se lhe tirar o chapéu.

Como podemos todos colaborar? Por menos de quatro euros já se pode fazer uma doação importante (se quiserem dar mais estão, como é óbvio, à vontade). Todas as condições assim como apresentação dos projectos podem (e devem) ser lidos aqui.

Fauna da época no meu trabalho




This is not a fashion blog!




Mas adoro! Um ponto final na pele escondida e em algumas mentes fechadas!

Lisboa - Anos 60



Estação do Saldanha, Metropolitano de Lisboa, 1959


"O chefe de Estado, o cardeal-patriarca e 500 convidados atestam a solenidade do momento, mas a verdadeira festa está guardada para o dia seguinte. Às seis da manhã, mal se abrem as cancelas, uma multidão espantada e ruidosa invade as estações. Há correrias e encontrões. Muitos dos que embarcam ao fim de uma noite de farra nos Restauradores são artistas de variedades. Canta-se e dança-se nas carruagens. Um grupo de espanholas que se exibem num dos dancings da capital actuam com os seus músicos para os aplausos dos passageiros."

Joana Stichini Vilela e Nick Mrozowski in LX60 
(um novo livro, editado pela D. Quixote, que mais que uma viagem histórica a esta década é um objecto a reverenciar, que apetece manusear. Vou extrair excertos de um exemplar que comprei para oferecer no Natal ao meu Pai - o homem vai delirar)

Sou uma nova velha, é o que diz quem me conhece, não por me pôr em casa de manta aos ombros (na realidade é um xaile)  a fazer crochet mas por pequenas particularidades, sobretudo hábitos, que gosto de manter (ou outros que custo a mudar) como não conseguir ler e-books (nem artigos online sequer), a resistência em arranjar uma máquina fotográfica digital foi homérica e apenas este ano cedi aos telemóveis tácteis, na minha colecção de selos antigos ou na vontade que se apodera de mim nesta altura do ano de escrever postais de Natal. Isto tem-se tornado cada vez mais complicado, já que apenas envio a pessoas que estão mesmo fisicamente longe, e por isso escrevo cada vez menos. Eis quando fico a saber que a Ursa Polar promove no seu blog uma grande rambóia de troca de postais natalícios. Aderi no mesmo instante. Agora fico à espera que me seja enviada a morada e o nome a quem enviar. Gostei tanto da ideia que até fico com ansiedade.

É com orgulho que coloco aqui este selo.



Mais info sobre esta iniciativa Polar, aqui.


Lili, de onde vem o teu refinado gosto musical ? #2




Ai que esta semana o fim de semana começa à Quarta




29.10.12




Reparo que felizmente a globalização já chegou ao mundo dos blogs. Quase 90% dos bloggers se assumem como cidadãos do mundo...


De como o Pombal dá mais alento que o Coelho.

Até a Ginger já levou um delete...






Life is not a matter of holding good cards, but sometimes, playing a poor hand well. 

Jack London

27.10.12




A condenação dos cientistas italianos, acusados de não avisarem a tempo sobre a dimensão do futuro terramoto, é das coisas mais estúpidas que me passaram pela frente nesta vida. (E eu vi o Governo de Santana Lopes, a Maquina da Verdade com o padre Frederico e li uma livro da Margarida Rebelo Pinto back in the days).

Companhia ao acordar





Para dar aqueles good vibes.

Coisas que eu achava cool antes dos 13 #1



Ser dona de uma loja de discos (isso discos).

26.10.12

Há dias em que é fundamental a beleza






Há uma pessoa que do centro da Europa me escreve um "Tu me manque". E isso embrulha-me o estômago porque não lhe posso responder de igual modo. Tenho ex namorados queridos, que hoje são amigos, sempre prontos a ouvir as minhas queixas e a quem posso ligar para falar "só para me sentir melhor". Tenho amigos e amigas com quem posso falar sempre que quiser ouvir alguma coisa. Se quero uma reprimenda falo com a L, que me diz tudo o que pensa, e que normalmente não é aquilo que eu penso ou com a A. que parte do principio que o que eu resolvo é o que é melhor para mim e me apoia nas decisões e estados de alma. Tenho uma irmã fofinha como só ela, que me diz sempre o que eu não quero ouvir, mas a verdade, e deixa as decisões nas minhas mãos, sabendo eu que ela vai lá estar quando eu precisar de dormir abraçadinha (dormir com mimo é como lhe chamo). Mas  continuo suspensa à espera de uma mensagem ou telefonema teu, de combinar uma saída, de decidir ficar em casa a ver um filme, assim mesmo como um passarinho no ninho à espera que a mãe lhe traga alimento. E tu não fazes ideia. 

Ando com a cabeça à roda, mil pensamento tipo tufão, ora pendem para um lado ora  passa um ciclone e pendem para o outro mas ela continua a querer descansar, suavemente deitada, no teu peito.

Onde vou estar



Concertos Optimus
Dia 26, 22h00, Mercado da Ribeira.

Best Youth/Capicua/Octa Push/DJ Ride

Onde gostava de ter estado




25.10.12

O vento na ilha


de Fellini


O vento é um cavalo:
ouve como ele corre
pelo mar, pelo céu.
Quer me levar: escuta
como ele corre o mundo
para levar-me longe.
Esconde-me em teus braços
por esta noite erma,
enquanto a chuva rompe
contra o mar e a terra
sua boca inumerável.
Escuta como o vento
me chama galopando
para levar-me longe.
Com tua fronte na minha
tua boca em minha boca,
atados nossos corpos
ao amor que nos queima,
deixa que o vento passe
sem que possa levar-me.
Deixa que o vento corra
coroado de espuma,
que me chame e me busque
galopando na sombra,
enquanto eu, protegido
sob teus grandes olhos,
por esta noite só
                                                 descansarei, meu amor.




Deve ser das poucas pessoas que não achou grande piada à Noiva Cadáver do Burton ainda para mais gosto da maioria dos filmes dele e um em particular - The Big Fish - faz parte do meu top 10 de sempre. Fui, por isso, com pé atrás, ver esta nova animação. Fiquei muito surpreendida e gostei bastante. Sobretudo das referências ao cinema clássico de terror, supremo!



Por vezes, quando estou em Lisboa, a oferta é tanta que acabo por não fazer nada. Fico em casa a ler ou ver alguma série. Em Coimbra parece que por ser menos abundante , no entanto relativamente constante, é mais difícil ignorar. Veja-se o caso da peça de teatro que hoje vou ver Nunca estive em Bagdad , encenação da uma peça de Abel Neves pela Escola da Noite em cena até dia 4 de Novembro no Teatro da Cerca de São Bernardo. São apenas nove sessões para um trabalho de três meses, é bom que estejam lotadas, não é?

Quando vi que ia estar em cena uma peça de Abel Neves não resisti em fazer logo reserva (e que sorte tive em conseguir lugar logo na noite de estreia) porque foram deste autor os textos (maravilhosos) que tive que estudar quando fiz a minha (única) inglória tentativa no teatro. Hoje vou assistir pela primeira vez.

Para quem quiser saber do que se trata aqui fica o resumo (para reservas o número está no flyer em cima):

"No ano em que celebra 20 anos de actividade A Escola da Noite estreia “Nunca estive em Bagdad”, de Abel Neves, uma “história de amor” que cruza dramas íntimos e tragédias globais numa casa em arrumações.
O espectáculo fica em cena no TCSB por duas semanas, até 4 de Novembro.
“Nunca estive em Bagdad” é a história de um jovem casal português a braços com uma mudança de casa, passada na altura da Guerra do Iraque, em
2003. Entre problemas íntimos e a guerra em directo que a televisão oferece, vive-se um confronto de escalas que amplia o efeito de ambos na vida quotidiana do casal. Enquanto as tropas avançam a caminho de Bagdad e com os relatos de Carlos Fino como pano de fundo, eles conseguem, apesar de tudo, arrumar a casa. “E a vida?”, pergunta o autor.
“Nunca estive em Bagdad” é a 58.ª produção d’A Escola da Noite. Tem encenação de Sofia Lobo – actriz fundadora da companhia, que dirigiu “Play Beckett” (2006) e “Noite de Amores Efémeros”, de Paloma Pedrero (2010) – e conta com as interpretações de Maria João Robalo e Miguel Magalhães. Fica em cena de 25 de Outubro a 4 de Novembro, de terça a sábado às 21h30 e aos domingos às 16h00.
Os bilhetes custam entre 6 e 10 Euros e mantêm-se válidas as campanhas habitualmente praticadas pela companhia: “quintas no teatro” (50% de desconto), “teatro na baixa” (20% de desconto mediante a apresentação dos vales distribuídos em vários estabelecimentos comerciais da baixa da cidade) e assinaturas TCSB."

24.10.12

Às vezes só a simplicidade




The Wednesday Breakdown






Os trilhos do conhecimento. Podes começar por qualquer lado - serás atirado para o caos informe.
1. Ele começou por estudar Gestão. Os autores que pouco aprofundava na academia suscitaram-lhe interesse. Começou a ler sobre Keynes, Hayek. Depois, Marx, Stuart Mill, Adam Smith. Da economia política à filosofia política e da filosofia política à filosofia outro. Lendo um manual de Economia, assimilou a importância da interdisciplinaridade. Começou a ler psicologia, sociologia. Freud, William James, Durkheim. As referências literárias de Freud mergulharam-na na literatura e nunca mais parou.
2. Ela começou por ouvir música. As letras de música levaram-na à procura de outras e chegou a poemas que inspiravam os músicos. Leu Rimbaud, Rilke, Dylan Thomas, Pound. Depois leu prosa dos poetas. Depois leu prosa. Nunca mais parou.
3. Ele só via séries. Apanhou umas referências históricas e literárias. Aprendeu quem tinha escrito Crime e Castigo e foi ler a ver se o autor valia alguma coisa. Gostou. Depois apanhou referências nas séries a Kafka, Tolstoi, Proust. Gostou. Leu até as biografias, leu as influências e as influências das influências e as influências das influências das influências. Nunca mais parou.

Pérola deliciosa d`A tasca do Sr. João (para ler mais, já sabem, é clicar no texto) .

23.10.12




Porque é de noite
e estamos ambos sós,
leitura e escritura,
criador e criatura,
na mesma inumerável voz.

Manuel António Pina


E hoje sou linda e maravilhosa com um rissol de leitão no bucho! É que foi mesmo daqueles prazeres que me fizeram ganhar o dia!



A letra é de Fernando Pessoa, a música é de Tiago (Toranja) Bettencourt e o conjunto foi considerado pela revista americana The Atlantic Magazine como uma das melhores baladas para ouvir em 2012. Eu, que não conhecia nem o poema nem a canção, fui ouvir e gostei.

22.10.12

E a notícia do dia



Estes meninos



no Alive!


Bansksy

Para quem quer aumentar os seus horizontes musicais de forma inteiramente gratuita o The Guardian propõe 30!!30 sugestões de músicas de todo o mundo para download. De Portugal há The Weatherman.



Tenho a dizer que acredito piamente nisto. Há nas termas de Cabeço de Vide muita gente reformada que nunca me pareceu tão viva. E a minha bela pele já se banhou em tão importantes águas.


Uma mente livre é sempre perigosa




20.10.12



 A cabana (desenho da época)

"I went to the woods because I wished to live deliberately, to front only the essential facts of life, and see if I could not learn what it had to teach, and not, when I came to die, discover that I had not lived. "
 
Henry David Thoreau



Reconstrução da cabana com estátua do escritor

Em 1854, um Thoreau em desacordo com os avanços e mudanças que a revolução industrial tinham posto em marcha decide retirar-se para um bosque e procurar nesse isolamento uma comunhão com a natureza, que julgava que a humanidade tinha perdido. 

Constrói uma cabana e recheia com móveis feitos pelas suas próprias mãos. É nesse retiro voluntário, que durou dois anos, que é fundado Walden, um livro auto-biográfico e de descoberta pessoal que também acaba por funcionar como manual de sobrevivência na natureza e manifesto contra a evolução industrial para a qual a humanidade caminhava propondo uma revolução mental com o retorno à simplicidade (ecos muitos anos mais tarde personificados em Caeiro).

Tida como uma obra fundamental para o movimento hippie, inspiração para o viajante vagabundo Christopher Macandless (Into The Wild) é também por oposição um relato de suprema importância para se entender a sociedade industrial do século XIX, um século de profunda crise social.  Pelo caminho inspirou Gandhi, Luther King e Tolstói e influenciar apenas um deste homens já dá direito à imortalidade, quanto mais os três. Como nos conta a fiel wikipedia:

"Insubmisso, Thoreau decidira não pagar impostos porque acreditava ser errado dar dinheiro aos EUA, um país escravocrata e em guerra contra o México. Não querendo financiar nem a escravidão nem a guerra, Thoreau foi preso em um de seus periódicos passeios pela cidade, quando saía da floresta para rever os amigos.A tia de Thoreau pagou a fiança e ele foi solto na manhã do dia seguinte. Inspirado pela noite na prisão, Thoreau escreveu o famoso A Desobediência Civil. Leon Tolstói, um dos mais famosos escritores do mundo venerava este ensaio e o recomendou, por carta, a um jovem indiano preso na África do Sul. Este jovem indiano era Mahatma Gandhi."

Para além dos mencionados a sua escrita cimentou ideias e ideais nas mentes de muitos mais homens como  Marcel Proust, William Butler Yeats, Ernest Hemingway e  George Bernard Shaw.

 Vale a pena ler hoje!






"Empenhar-se ao máximo, sabendo que é irrelevante. É essa a grandeza do ser humano" 
 Manuel António Pina

19.10.12






Word Killer



Estadunidense e Canadiense

AKA

Norte Americano/ Canadiano

Bum...!!



"Estava a dormir no banco de trás. Apesar de a capota estar recolhida, não o vira antes porque ele estava estendido, fora de vista. A rádio murmurava as notícias do dia, e ele tinha no colo um livro policial aberto. Entre muitas coisas mágicas que existem, uma é observar alguém que se ama a dormir: ao estar-se alheio a olhares e tomadas de consciência, pode-se por instantes segurar-lhe o coração; vulnerável, é então que ele é tudo, e por mais irracional que pareça, é aquilo que sempre acreditou que ele fosse, um homem puro, uma criança terna."

Trumam Capote in Travessia de Verão

Fundações, património e identidade (o futuro na sarjeta)





Há uma fundação em Portugal que gere um dos mais importantes acervos culturais deste país. Um acervo que foi poupado à destruição e ao esquecimento depois de uma luta intensa que juntou a população e as cabeças pensantes deste país e do mundo. Alguns anos mais tarde essa luta (e o país) foi recompensada com a classificação recebida da UNESCO de património da Humanidade. Falo das gravuras de Foz Côa.
Estas gravuras, que muitos não entendem ou conseguem descortinar, são uma das representações artísticas mais antigas de sempre. Há milhares de anos, quando ainda não se usava taças de barro ou outros apetrechos, já o Homem tinha necessidade de "deitar para fora" o que tinha dentro da sua cabeça ou então de apreender temporalmente imagens que via durante a vida. Esta necessidade de representação é única e nós temos um enorme e único acervo no nosso país.
Para estimular a visita e conhecimento destas gravuras (que atravessaram milénios e às quais se juntaram outras, mais recentes, compilando nas paredes arte de várias civilizações - que terminam na época actual) foi edificado um edifício lindíssimo que possuí uma das melhor elaboradas/cuidadas exposições sobre história e arte que tive oportunidade de ver. Oportunamente o Museu do Côa ainda se insere de modo perfeito na paisagem que o rodeia (linda por sinal) e convida a longas caminhadas e reflexões por um país interior que vale a pena conhecer.

Para gerir este património foi criada a Fundação do Côa, uma das que agora está na calha para ser extinguida. Apenas duas considerações vos trago. A primeira é que o património, por si só, já é riqueza, embora possa gerar algum financiamento não é por não o gerar que deva ser ignorado, maltratado ou abandonado. Património é cultura e identidade. É a fundação e a história de uma nação. São os costumes, que ainda hoje temos, os hábitos de linguagem, gestos, sentir e pensar.  Não há pior do que uma nação sem identidade. Porque então é a nação de quê e de quem? Segundo: entre tantas fundações ligadas a pessoas, com financiamentos duvidosos, que apenas parecem enaltecer indivíduos (Mário Soares por exemplo) ou manter o seu património (imóveis etc) gerivel pelos herdeiros, foi a Fundação do Côa, que representa um património da HUMANINADE (porque as gravuras aqui representam a herança histórica da arte e do pensamento do Homem - Homo sapiens - ou seja, é fundadora de portugueses mas também de esquimós (Inuit), indianos, sumérios, egipcios, americanos ou alemães) que, juntamente com apenas outras três fundações, levou com a fava?

Texto inspirado por este artigo. Fotos minhas depois de uma visita ao Museu do Côa que recomendo vivamente.

18.10.12




Diz a Maria Elisa no Expresso

"Casei-me com 19 anos, divorciei-me aos 27. Agora, que tenho 62, voltei a casar-me. Pelo meio ouve muitos anos de amores e paixões. Tudo isso conheci com intensidade. O amor é difícil e a paixão pode ser ainda pior, mas nada ultrapassa os seus momentos explosivamente solares."

Li, gostei e registei para memória futura.

17.10.12




Fiquei a saber disto - Lisbon Week - e achei muito bem! Embora só esteja aos fins de semana por terras alfacinhas vou tentar espreitar alguma das rotas!

E Este fim de semana e o próximo já estão preenchidos com o DocLisboa. Quero dias de 48 horas sff.


Existe um local na Irlanda em que, a cada dois anos, as estrelas se alinham com este caminho. É chamado de 'Heaven’s Trail'.
Eu acho simplesmente lindo! 


Ontem foi dia do cortejo da Latada. 

Fiz uma espera à mana caçula e ela lá teve que tirar a foto da praxe (mana caçula ao meio, Lili a pequena da direita, a outra menina não sei quem é). Até verti uma lagrimazita, sou uma sentimental! De resto, uma animação pelas ruas de Coimbra, se existisse um Carnaval característico nesta terra era a Latada. 
Os caloiros todos vestidos pelos padrinhos (coisas lindas como o Sol) e erguerem palavras de ordem. Os visados? A classe política, claro está. Com a ajuda do Diário de Coimbra deixo um best of das frases exibidas:

- Portugal 2020 fome de alimentos e direitos.
- Queria comer-te mas subiste o IVA.
-Noivas de Santo Relvas.
-Segredo: sou cúmplice da Troika.
-Coelho, não me emburaques mais a mina.
- Finalista, e agora?
-Governo! É preciso lata para  prender este país.
-Branqueamento dentário ou monetário?

Vi conteúdo estomacal para 10 anos e a noite acabou ao som do Quim (esse pois), mas ouvido da janela de casa que eu já não tenho saúde para estas galdeirices!

Cover me up






Amanda Todd




Pensei muito em colocar este vídeo no blog. Mas senti quase um dever mostrar como pode o bullying ser cruel e decisivo na fase de formação de um indivíduo. 
Amanda Todd filmou este vídeo onde apenas com papeis escritos por si  explica como a sua vida se tornou um inferno depois de ter começado a sofrer de ciberbullying e de como isso a perseguiu, tornou frágil, sem confiança e dependente de aceitação. O final é um pedido de ajuda, de suporte para continuar a sua jornada.
Passadas cinco semanas da gravação do vídeo Amanda suicidou-se.

Back in the day, quando ainda não se conhecia o termo bullying, ou seja, quando era "normal" que uns miúdos fossem mais massacrados que outros na escola, passei por uma experiência que hoje se poderia incluir nesta categoria. Era sobretudo agressão verbal e controlo mental, mas ainda levei uns pontapés ao sair do autocarro ou depois de passar os portões da escola. Não havia nenhuma razão para aquilo, nada que tivesse dado origem aquelas acções. Eu tinha 10/11 anos. Sempre tive uma ligação muito aberta com os meus pais e eles sempre confiaram em mim. Antes de ir para a escola onde as agressões aconteceram era muito dona do meu nariz, muito comunicativa e alegre. Não queria que os meus pais vissem que eu precisava deles e que não estava bem então ia para casa e fingia estar muito mais feliz do que o normal. Lembro-me de treinar sorrisos à porta do prédio. Quando saía da escola escondia-me para não me verem ou então metia conversa com algum adulto que conhecia para ir caminhando acompanhada. Comecei a chorar todas as noites na cama e a não dormir. Passados uns meses fui dando pequenas pistas de que não estava bem em ir sozinha para casa (mas sem contar a verdade) e os meus pais passaram a ir-me buscar à escola a maior parte das vezes. Isto durou um ano, mais ou menos, depois quase toda a minha turma mudou de escola e eu fiquei novamente livre e contente. Há uma facilidade de superação neste idade que ainda hoje me deixa incrédula. Nunca mais tive problemas mas o que passei moldou-me positivamente, tentei dar-me com as pessoas certas, que me faziam bem e afastar as outras, filosofia que mantenho até hoje.

Conto isto porque eu e os meus pais sempre fomos muito próximos, eles pensavam que me conheciam bem e que eu falaria de tudo com eles. Sobretudo se o meu bem estar estivesse ameaçado. Não foi isso que aconteceu. Eu fechei-me e consegui disfarçar. Ainda hoje, passados uns 16 anos, eles não fazem ideia do que realmente passei naqueles meses. Embora já tenha toda aquela época bem rematada na minha história de vida ainda me é muito penoso lembrar aqueles sentimentos de medo e desespero, o que veio a acontecer mal li sobre a história de Amanda.
Tenham sempre muita atenção ao comportamento dos vossos filhos, se ele se alterar procurem as razões, tanto as vítimas como os agressores são normalmente crianças/jovens banais.



Sou completamente viciada em séries. Antes de adormecer, praticamente todos os dias, lá vejo um ou dois episódios de alguma. E tenho o vício de ver quase de seguida temporadas completas (overdose eu sei).
Ultimamente (e depois de um ano de espera) andava a ver Heel on Wheels (crítica mais séria aqui) uma das melhores séries que já vi dentro do género "fundação da nação americana". Tão cuidada historicamente (construção dos caminhos de ferro) como no tratamento dos personagens (coisa bonita de ver personagens com estrutura e actores que as servem tão bem, com expressões faciais e corporais dignas de Óscar). A série tem também algo fundamental, no meu entender, não procurou  uma banda sonora de época mas sim adequar música contemporânea já composta à acção e muito ao estilo de Paul Thomas Anderson (Magnólia/ Punch Drunk Love) integrá-la na narrativa. Muitas vezes, se estivermos atentos, são as canções que nos vão contar, o que apenas alguns episódios depois, vai acontecer. Este tipo de coabitação entre a narrativa e a música faz também com que se tenha boas surpresas, como conhecer bandas marginais. Foi assim que conheci os The Duhks, através da música Annabel, tocada na integra na série (e num momento chave) que tinha sido lançada em 2003 mas tão obscura que nem um vídeo no youtube existia. Agora já há.

Resumindo, vejam a série, ouçam os The Duhks, uma folk fofinha.

The Wednesday Breakdown




Isto JÁ está a implodir



Isto é muito perigoso. O Estado já não tem (ou não quer ter) dinheiro para gerir o Património Cultural, sendo este, aquele que lhe dá forma, ao estado, e identidade. Horror e medo! Esta situação tem que acabar! Ou então vai restar muito pouco para salvar...






Uma passagem muita rápida, que o dia foi atarefado até mais não, para deixar poesia. Em complemento a isto.

15.10.12

E sai um aspirador para a casa da Lili, SFF




Lili de onde vem o teu gosto musical tão refinado? #1





Saudades...




"E começavam as manhãs em que as letras surgiam uma a uma, as vogais, as cantigas das vogais cantadas em coro. Cada uma das consoantes desenhada vinte vezes numa linha. As consoantes picotadas em papel de lustro. A letra "B". A letra "C". A letra "D". E o livro de leitura, o Papu em todos os textos: o "B"arco do Papu, o "C"ão do Papu, o "D"ado do Papu. Um "b" e um "a", "bá", um "r", "bar"; um "c" e um "o", "có"; "barcó". E a essa velocidade, o nosso mundo. À janela, um frasco de iogurte, vidro lavado, com um algodão embebido em gotas de água, a proteger um feijão espigado. E nós, todos os dias, todos os dias, a irmos vigiar o feijão.(...) Durante o recreio, corríamos sem parar porque queríamos chegar muito depressa a todos os lados."

José Luís Peixoto in Abraço


Não percebo este fenómeno. Isto é um senhor oriental mixado com uma dança bollywoodiana, mas num clip filmado pelo 50 cent. Muito básico.

14.10.12

O que interessa se chove lá fora e está mais fresquinho?




Lambarices são lambarices!

OMG Este fim de semana aconteceu a Moda Lisboa




Lili prepara-se para a sua rodada domingueira de blogs com quatro migrasprinas.

Tenho uma paixão por esta mulher desde  a minha pré-adolescência e para quem tem 27 anos isso  é uma parte significativa da minha vida. E não há nada que ela faça que me leve a gostar menos dela. E esta música? Perfeita!

É bom quando existem pequenos casos, em que a evolução de determinada pessoa, acaba por fazer eco na nossa própria evolução pessoal.

Pequena história para uma bem cinzenta tarde de Domingo






"Um dos meios de sedução mais eficazes do mal é o desafio à luta. É como a luta com as mulheres, que termina na cama"

Franz  Kafka

13.10.12





A música nos inícios do século XX, quando o vinil, o cd e o descompacto mp3 não eram sequer um sonho futurista foi escutada assim, em cilindros. João Távora, pena residente do Corta Fitas, tem um canal no you tube onde se podem ouvir algumas destas preciosidades. Uma bonita forma de divulgação de história musical.

Esqueci-me de comentar o Nobel da Paz para a UE






Fiquei a saber que um rapaz de 17 anos foi condenado pelo download ilegal de três músicas, uma de João Pedro Pais, outra de Delfins e outra de Alanis Morisette. 
É o que eu chamo uma condenação do extremo mau gosto.

às vezes, só por uns segundos..




12.10.12

Nova entrada





Foto: wilma hurskainen


"O sol descia sobre os montes do outro lado do rio, era um cenário agradável e tranquilo, , estar ali sentado a olhar o rio, mas não era a sensação que dava. És só uma visita, aqui. Olhas o Sol e sentes que te pertence, mas ele têm estado a pôr-se atrás daqueles montes há cinquenta mil anos - desde a última idade do gelo. (...) Entretanto aqui estás tu. Um visitante temporário da Terra do Sol.  (...) Tudo o que vês vai continuar depois de ti - rochas céu Sol.Vês um por do Sol e sentes que é teu, mas ele vem-se erguendo sem ti há milhares de anos. (...) És o único a saber da tua própria existência. Nasces e morres entre duas batidas de coração da Terra."

Philipp Meyer in ferrugem Americana



Fui para estas paisagens trabalhar. Nunca lá tinha estado. Ainda estava no carro e já estava apaixonada. Mas eu ainda não sabia como iria esse trabalho mudar a minha vida. Apaixonei-me pela natureza, tão inóspita quando calorosa. Basta estar lá e sentir. Os Verões quentes e Invernos gelados foram um processo de habituação forçado mas valioso. Agora, que já não vivo lá, raramente tenho muito calor ou muito frio. Terras Quentes é o que lhes chamam. Apaixonei-me pelas paisagens mas também pelas pessoas. Velhos e novos. Velhos que são desconfiados, fuinhas e forretas "dinheiro é na mão fechada e virada para cima para não cair", mas também amigos, preocupados e familiares. Nunca nesta terra, mesmo sem um cêntimo, passaria alguma vez fome. Fiz amigos para a vida, de quem morro de saudades. Penso neles quase diariamente. Provei das melhores coisas de sempre(e a comida de trás-os-Montes merece por si só um post exclusivo). E apaixonei-me. Zanguei-me com a obra onde estava, que destruía toda a linda paisagem, que eu acho, devia ficar intocada e parti. 

Hoje este vídeo fez-me chorar. Em breve tenho que  voltar a colocar os meus pés (com meias de lã muito quentinhas) no inverno transmontano.

It´s a cats world




Este é o Mo Yan.




Não conheço. Possivelmente virei a conhecer.

Mas embora veja (alguma) utilidade nisso não gosto desta politização dos Nobel (para isso já existe o da Paz certo?).


Este ano anda a ser cheio de acontecimentos importantes. São bebés a nascer (pela minha contagem já vai em 5) ora são casamentos, mudanças de vida para melhor...
A história que tenho para contar é uma ternurinha. Parece que o H. quis pedir a V. em casamento no seu dia de aniversário. Vai daí, enche um autocarro com todas as pessoas que são importantes para ela, e quando esta está à espera na paragem, vê isto:


Eu achei lindo! Mas eu sou um coração de manteiga para estas coisas.

Ela, claro, disse que sim! E eu só lhes desejo tudo de bom! Até a Carris ganhou uns pontinhos.



E pronto aqui está o primeiro selo deste blog (transmitido/retirado pelo blog The Charged Void) e que tem a particularidade de não ter mesmo um selo e de ser musical.
As regras são simples, dizer quem ofereceu (done!), escolher três músicas (como se verá),  e passar a cinco blogs (neste caso quem quiser pode levar).

Músicas:

Uma que me faça lembrar a minha infância



E sim, passei uma parte significativa da minha vida de criança a cantar " no seio de Tieta construí meu ninho, nos lábios de Tieta morri como um passarinho" - a isto chama-se pais de esquerda

Uma que me faça lembrar uma antiga paixoneta



Esta música, neste sítio, com uma pessoa. E libertina como sou, a mesma música, um ano depois, no Alive, com outra pessoa (via telefone). E a culpa disto é da Tieta. 

Uma que associe a um momento feliz da minha vida


Este ano, no Bons Sons (Cem Soldos, Tomar)