13.2.14

Por um punhado (vá lá, dois) de Mirós!



Que fique já registado que gosto de Miró. Esteticamente. Lá está, é um gosto. Não percebo quase nada de arte (e o quase aqui pode lêr-se "mana historiadora de arte") e para mim as coisas resumem-se a gosto, não gosto e "tem importância histórica ou cultural".
O caso dos Mirós podia sair de uma lenda monphyntoniana. Um banca bandido rouba ao povo e (para além de outras coisas menos recomendáveis) decide comprar 80 e tal Mirós. Até ver, apenas porque sim. O banco vai à falência e o Estado Soberano decide comprar a cidade a arder. No meio de compra, que pelo que me apercebi só trouxe prejuizos, vêm os 80 e tal Mirós. Isto é tipo o maná no deserto mas o Estado Soberano, em vez de se nutrir com o que caiu dos céus, preservar algo de bom, decide vender o maná dos céus. Isto, quando há publicidade massiva a uma exposição no Museu Nacional de Arte Antiga com importantíssimas obras do Estado... espanhol. Ou quando se investiu imenso dinheiro numa exposição de obras de arte russas... onde? onde?... no Palácio Nacional da Ajuda.
Como se pode ver somos muito bons a dar casa a obras não portuguesas. O mal aqui está em como de repente até as obras estrangeiras são repudiadas. Dá para vender? Então vamos a isso!
Há vários monumentos nacionais que podem ser alugados para eventos. Acho justo. Se se pode rentabilizar o património sem o danificar ou desfigurar o seu carácter, o Estado, que é o dono, deve fazê-lo. Mantendo o acesso livre ao público obviamente e usando o dinheiro no próprio imóvel. Mas quando se começa a vender o património cultural a situação torna-se muito grave. Fico mesmo nauseada. Por me atingir tão de perto demorei muito a escrever sobre isto e o texto sai de forma totalmente incoerente. 
O caso dos Mirós é mais do que o caso de um Estado que não vê o valor cultural e a mais valia que tais obras fariam ao seu acervo (até os Nazis queriam obras de arte...pilhadas é certo, mas não se pode ter tudo). O caso dos Mirós põe a nú o que muita gente já tinha visto: um Estado cuja definição ofende os asnos, cego culturalmente, sem escolaridade e formação. Este Estado são as pessoas que o compõem, um produto das tão mencionadas Jotas, que ascendem com cursos tirados aos fins de semana, que nunca exercem, por saberem que é a "lamber cús" que se sobe na vida. Assim, sem qualquer amor-próprio e guiados pela ganância vão os asnos Jotas subir os degraus da liderança governativa. 
Leram um livro? Visitaram um museu (algo nunca visto numa campanha eleitoral)? Foram visto na estreia de um filme português? Sabem que a cultura é que define um povo? Que cidadãos esclarecidos são melhores em TUDO!! 
Há, esperem, pois... também são melhores e mais sagazes a entender quando lhes estão a colocar uma venda nos olhos. Se calhar vão protestar.

Mas na realidade, depois de se cansarem, com os seus cursos, feitos académicos e profissionais e com a vontade que têm de trabalhar vão cansar-se e sair. Assim ficam por aqui os "bons cidadãos" aqueles que no facebook falam da pala do Estádio da Luz, do divórcios dos outros e da chuva e ventos fortes que (incrível) lhes molham a roupa.

E agora aqui fica uma imagem alusiva. Como Miró pode dar com chuva, vento e rua (nas Ramblas em Barcelona). Basta não prostituir a cultura.


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