14.10.13

Mais uma vez Miguel Sousa TAvares, entre alguma treta, coloca o dedo na ferida



"Mais de 40% dos jovens estão desempregados. Os que podem, fogem para o estrangeiro - os mais qualificados, aqueles nos quais gastámos ao longo das últimas décadas uma fortuna a formar, porque nos disseram que a educação era a prioridade absoluta e o passaporte para o nosso desenvolvimento. Miúdos com um valor reconhecido em qualquer lado são recebidos como bênçãos em países ricos, que não gastaram um tostão na sua formação e onde irão criar raízes e família, e provavelmente para sempre. Não esperem que eles venham a enviar para aqui as suas poupanças para fazer uma casinha na aldeia, porque esta geração de emigrantes é diferente. Não contem com o dinheiro dos seus impostos para sustentar as reformas dos outros nem sustentar todo o sistema da Segurança Social. Não esperem que eles fiquem reconhecidos a um país, o seu, que não lhes deu nenhuma oportunidade que não a de emigrar. A emigração deste jovens reduz a cinzas todo o esforço financeiro feito por Portugal em décadas e é o anúncio fatal da nossa definitiva condenação ao subdesenvolvimento. Dói como uma ferida todos os dias a sangrar ver partir esses miúdos. expulsos do próprio país que amam, ver os pais lavados em lágrimas no aeroporto, divididos entre o alívio de verem um futuro para os filhos e a tristeza infinita de pagar por isso o preço de uma separação."
 
in Expresso, 12  Outubro de 2013

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