12.2.13

Indecente! (O Palácio Nacional de Queluz gerido por contrabandistas)




Sei que o mundo está cheio de injustiças, de coisas erradas e desonestas. São coisas que afectam directamente a qualidade de vida das pessoas e direitos fundamentais. Mas a há assuntos que me são muito queridos e pessoalmente julgo fundamentais, como o acesso à cultura, ao património e o conhecimento da história, sobretudo da nossa, portuguesa, fundadora de identidade.

Domingo fui a Queluz com a família. O objectivo era visitar o palácio cito naquela localidade do concelho de Sintra. Já tinha ouvido falar do palácio e estive para ir a uma das feiras renascentistas que por lá se organizam de tempos a tempos, como nunca tinha conseguido este domingo pareceu-me um óptimo dia para o conhecer até porque estava péssimo tempo para passear na rua.

Lá chegámos e o palácio é de facto imponente ocupando praticamente toda uma rua. Fomos comprar os bilhetes e a funcionária pede-nos 34 euros (4 pessoas), ou seja, 8.5 euros por pessoa. Até há bem pouco tempo os monumentos com classificação de "Nacional" tinham a benesse de serem de entrada grátis ao Domingo. Foi assim que conheci em criança muito do património histórico e museológico deste país. Com a crise achou-se que esse era um luxo e passou-se a cobrar entrada mesmo aos domingos. Obviamente estávamos preparados para pagar entrada mas 8.5 euros??? Para visitar património que é de todos os portugueses?

Perguntei quais eram as pessoas alvo de desconto (crianças, estudantes, reformados, desempregados?) e respondeu-me que apenas os habitantes de Sintra não pagavam. Acho muito bem que os habitantes de um determinado concelho tenham um acesso privilegiado ao seu património, mas se esse património é NACIONAL, os habitantes dessa nação também teriam, ou sou eu que sou uma sonhadora?

Achei completamente indecente que se praticasse esse preço. Nem descontos para famílias nem nada. 8.5 euros por pessoa!!! Mais caro que muitas refeições diárias.
Quem é que escolhe levar uma família a um palácio e gastar 34 euros quando com o mesmo dinheiro os pode levar a comer? Nos dias de hoje a escolha não é difícil de fazer. Com este tipo de medidas, que cheiram a exploração, além de afastarem os visitantes (e curiosos pelo património, em Portugal, já são uma raridade) nacionais ainda deixam um cheirinho a roubo  e má intenção no ar. 
Isto é uma vergonha e uma indecência. Em muitos países o património nacional é acessível gratuitamente a toda a população (e até a estrangeiros) todos os dias da semana.

Obviamente virámos as costas e fomos visitar o Museu Nacional de Etnografia ali ao Restelo. É NACIONAL, giríssimo e até às duas da tarde de domingo, gratuito.

Atenção, não defendo que o acesso a museus e edifícios patrimoniais portugueses deva ser gratuito. Sou a primeira a pagar um preço justo até porque estas estruturas requerem gastos com energia, vigilantes, conservação, etc! Mas acho que este preço é ultrajante e uma vergonha nacional. É de gozarem com os cidadãos que na maioria ganham menos de 500 euros por mês. Qualquer dia chegamos ao cúmulo de ter que poupar durante meses para ver o que é nosso...

P.s. Duas cartinhas de protesto seguiram o seu destino, uma para a Secretaria Geral da Cultura e outra para a Câmara de Sintra, gestora e exploradora do palácio. Sr. Seara por favor tire as patitas de Lisboa que já temos cá animais que cheguem.

2 comentários:

  1. Assim só arranjam maneira que as pessoas não metam lá os pés e, como tal, não tenham verba para recuperações e vigilâncias, está-se a ver o caminho que isto vai tomar. 8,5€ é demasiado para a entrada num Palácio, que admito que possa ser dos mais belo que há, mas ainda assim isso é preço de estrangeiros, certamente.

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    1. Exactamente! Nós que queremos realmente visitar e não nos importamos de pagar por isso apenas nos sentimos explorados...

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