14.2.13



Desde mil nove e noventa e nove apenas em três anos não tive namorado neste dia. E tenho a dizer que este dia não é sobre o amor, é sobre a pressão. Os que tem namorado tem que corresponder a um qualquer desígnio que comercializou este dia. Comprar peluches e coisas pré-feitas a dizer "és o melhor namorado do mundo", coisas que nem rimam como "desde o dia em que te conheci sabia que iria ficar contigo" parece uma coisa muito releszinha, do género "nem estou para me esforçar". Mas de facto porque é que se tem que esforçar hoje e não nos outros dias?
O que sabe bem é o carinho e amor diários. O estar lá. O precisar de estar lá. Se não existe essa necessidade não é o peluche do ursinho dentro da caneca, o jantar com reserva ou, vá lá na maior das loucuras, a noite na pousada que vão resolver os problemas da relação.
Se para os namorados o dia é de pressão e expectativas parvas (porque, na verdade, é só um dia e nem sequer é feriado) para os que não tem namorado desculpem lá mas é um horror. Os que não tem e gostavam de ter andam o tempo todo cabisbaixos, a serem lembrados por todos os corações na rua, na televisão, na rádio, nos blogs, no facebook, etc, de que estão sós. E há gente que realmente se sente muito só. Para eles atravessar este dia é como andar a pisar um tapete cheio de espinhos. É devastador. Para os que não tem namorado e estão bem com isso o resto do ano este dia é uma irritação. Principalmente porque para além de não dar para ir jantar fora e ao cinema como num dia normal ainda ficamos tristes porque na realidade durante uns quantos segundos queríamos muito que alguém nos desse um relógio, uma jóia ou um cabaz de comida gourmet sem que tenhamos que ser nós a gastar o dinheiro.

Do alto dos meus seis namorados (que foram todos muito amados) e da recente experiência em estar mais de um ano solteira o que vos digo é: deixem lá o S. Valentim e mimem os vossos cônjuges os restantes 300 e tal dias, como eles merecem e como vos apetece mimar. Isso deve chegar. Se não vos apetece há problema meus amigos.

10 comentários:

  1. "Desde mil nove e noventa e nove apenas em três anos não tive namorado neste dia"

    Isso é alguma espécie de "note to se self: get or hold onto a boyfriend around 14th Feb"?

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    1. De facto dá esse ar dá... lol, mas não é por aí! Foram relações longas eventualmente passava-se por este dia e eles existiam.

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  2. Serial monogamy is as twisted as any other polygamy...

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  3. Espero nunca descobrir o que é "normal". Se há coisa que eu espero nunca vir a conhecer é a "normalidade". You say tomato... I say tomahto... Tu dizes "Desde mil nove e noventa e nove apenas em três anos não tive namorado neste dia" e eu digo "nos últimos 13 anos o meu dia de S. Valentim foi passado com desde 0 pessoas e a trabalhar nesse dia na construção de um bunker militar no meio do deserto saudita até com 6 pessoas (um homem e cinco mulheres) em duas suites contíguas de um hotel em Istambul". E da mesma forma que há um sentido de paz e realização em teres conseguido ter namorado nessas alturas e de terem sido relações longas eu também me sinto realizado por uma das pessoas que esteve comigo no Dia de S. Valentim em 2002 ter estado comigo no dia de S. Valentim de 2012, apesar de as outras pessoas com quem jantamos e passamos essa noite serem totalmente diferentes. E ainda mais se essa pessoa veio a Londres de propósito para me ver. Isso dá-me o sentido de continuidade, as pessoas que não saem nunca da minha vida e da minha intimidade, que outras pessoas tiram de manter por algum tempo um relacionamento e depois nunca mais voltar a falar com essa pessoa, por mais que fiquem "amigos" ;)))))

    Portanto, nenhuma normalidade, nenhuma superioridade, apenas diferentes bandeiras no alpendre das nossas vidas.

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    1. Ainda bem que a resposta foi longa que por vezes a falta de entoação das palavras escritas podem levar ao engano. :) Gostei da ideia das bandeiras diferentes embora por aqui também importe muito a "sorte" de nos cruzarmos com alguém especial e a disponibilidade de continuar. De facto já fui uma serial girlfriend (era só coração) e embora de cada vez tenha sido muito bom nunca foi suficiente, por isso tornei-me numa esquisitona, muito mais selectiva (que é como quem diz cérebro). Mas obviamente que percebo o sentimento de preenchimento quando uma relação monogâmica funciona ou não tinha tentado tanta vez. :)

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  4. Estranho... como é que um comentário escrito em tão pouco tempo conseguiu ficar tão grande? Eu escrevo mesmo depressa looooooooooooooooooool

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    1. Só hoje tive tempo para visitar os teus blogs (de que gostei). Isto foi uma consulta? :P

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    2. No way... those dancing days are gone, como dizia Yeats (e muito mais tarde, Bruni).

      Cidades são coisas que se pode construir muito mais orgulhosamente do que mentes humanas, que acabam sempre por (se) distorcer....

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    3. Bom não sei acerca das cidades...mas também não me metia com mentes humanas para além da minha. Sempre tive ideia de quem estudava psicologia ia primeiramente com a intenção de resolver os seus próprios novelos.

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