20.11.12



"O que talvez não nos ocorra tão amiúde é que depois da sua explosão, a ideologia punk (que por sua vez é enformada por ideologias que a antecederam) presidiu a todas as grandes transformações que tiveram lugar na música popular. Passo a citar: o surgimento das editoras independentes, a revolução da música de dança com o DJ no papel de produtor de cultura, e até o grunge de Seattle que só não foi puro heavy metal por causa do punk. Mas o seu legado mais permanente é, sem dúvida, o caos instalado na industria da música (e de todas as culturas e da comunicação em geral) com a generalização do download ilegal e da incapacidade de os departamentos de marketing para destingirem uns artistas dos outros, pois já não tem dinheiro para o fazer."

Miguel Francisco Cadete no Editorial da uma edição notável da revista (que saudades do jornal semanal) Blitz sobre o punk

Dando assim aos consumidores a decisão derradeira de mandar os Milli Vannilli desta vida para outro planeta e ficar a ouvir o autêntico, pelo menos para si.

Há muito músico e consumidor de música que negligencia o género punk, primeiro porque não o associa a uma imagem bonita, clean (que chato a tipa nem tem mamas boas e depois aparece com o buço por fazer), e depois porque, de um modo geral, não parece ser o género mais audível para trabalhar, relaxar ou andar de autocarro. Mas isso é um erro. Punk (que como todos sabem é uma atitude) é mais que uma chiadeira infernal de guitarra, baixo, bateria (e para isso digo sempre que se consuma a discografia dos The Clash de ponta a ponta, que se oiça Patti Smith ou mesmo Blondie) oferecendo uma diversidade genuina e, ao contrário do que muitas vezes se julga com boas letras.

Eu sou fã, e menos conhecedora do que gostaria, de algumas bandas e sim um concerto de punk é coisa de se pensar que se vai morrer, género experiência extra corporal (aconteceu em 2001 num Garage sem pitas mas com Dead Kennedys - gabinete de marketing do punk mais a vez a descobrir dos melhores nomes de bandas ever - dentro).

O giro, hoje, é ver as marcas que deixou em tantos géneros, músicos e na própria industria. 

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