17.10.12

Amanda Todd




Pensei muito em colocar este vídeo no blog. Mas senti quase um dever mostrar como pode o bullying ser cruel e decisivo na fase de formação de um indivíduo. 
Amanda Todd filmou este vídeo onde apenas com papeis escritos por si  explica como a sua vida se tornou um inferno depois de ter começado a sofrer de ciberbullying e de como isso a perseguiu, tornou frágil, sem confiança e dependente de aceitação. O final é um pedido de ajuda, de suporte para continuar a sua jornada.
Passadas cinco semanas da gravação do vídeo Amanda suicidou-se.

Back in the day, quando ainda não se conhecia o termo bullying, ou seja, quando era "normal" que uns miúdos fossem mais massacrados que outros na escola, passei por uma experiência que hoje se poderia incluir nesta categoria. Era sobretudo agressão verbal e controlo mental, mas ainda levei uns pontapés ao sair do autocarro ou depois de passar os portões da escola. Não havia nenhuma razão para aquilo, nada que tivesse dado origem aquelas acções. Eu tinha 10/11 anos. Sempre tive uma ligação muito aberta com os meus pais e eles sempre confiaram em mim. Antes de ir para a escola onde as agressões aconteceram era muito dona do meu nariz, muito comunicativa e alegre. Não queria que os meus pais vissem que eu precisava deles e que não estava bem então ia para casa e fingia estar muito mais feliz do que o normal. Lembro-me de treinar sorrisos à porta do prédio. Quando saía da escola escondia-me para não me verem ou então metia conversa com algum adulto que conhecia para ir caminhando acompanhada. Comecei a chorar todas as noites na cama e a não dormir. Passados uns meses fui dando pequenas pistas de que não estava bem em ir sozinha para casa (mas sem contar a verdade) e os meus pais passaram a ir-me buscar à escola a maior parte das vezes. Isto durou um ano, mais ou menos, depois quase toda a minha turma mudou de escola e eu fiquei novamente livre e contente. Há uma facilidade de superação neste idade que ainda hoje me deixa incrédula. Nunca mais tive problemas mas o que passei moldou-me positivamente, tentei dar-me com as pessoas certas, que me faziam bem e afastar as outras, filosofia que mantenho até hoje.

Conto isto porque eu e os meus pais sempre fomos muito próximos, eles pensavam que me conheciam bem e que eu falaria de tudo com eles. Sobretudo se o meu bem estar estivesse ameaçado. Não foi isso que aconteceu. Eu fechei-me e consegui disfarçar. Ainda hoje, passados uns 16 anos, eles não fazem ideia do que realmente passei naqueles meses. Embora já tenha toda aquela época bem rematada na minha história de vida ainda me é muito penoso lembrar aqueles sentimentos de medo e desespero, o que veio a acontecer mal li sobre a história de Amanda.
Tenham sempre muita atenção ao comportamento dos vossos filhos, se ele se alterar procurem as razões, tanto as vítimas como os agressores são normalmente crianças/jovens banais.

2 comentários:

  1. Realmente, só posso levantar as mãozinhas aos céus por já não ter de passar por nada disso nem ter de ir a escola nenhuma! Fui mais vítima de boatos que de coisa mais séria, mas enfim, não é bom, marca indelevelmente e cria em nós um desvio daquilo que seríamos.

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    1. True! E a marca é tão grande que mesmo em adultos, com toda a perspectiva que se pode ter, a recordação ainda deixa um sabor amargo.

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