11.2.17




Nunca alimentei sonhos. Sempre vi alguns caminhos que poderia escolher seguir e fui andando mais por intuição do que seguindo a razão. Ainda assim aqui estou nem perto de insatisfeita. Com o tempo notei que fiquei mais ambiciosa (coisa que não era mesmo nada sendo a ausência da ambição até um defeito) e embora tenha ganho com isso também me tem saído mais das tripas. O make it happen por vezes impõe-se quando apenas queremos esperar na fila. Enfim chegamos aos sonhos. Há dias estava com o R. e comecei a pensar se os teria. E tenho. Dois ou três. O que está acima na lista é tão simples e difícil que serve bem para farol dos outros.

Quero uma casa no campo. No meu campo onde tenho raízes. Para os lados de Almeida. Uma casa de fim-de-semana mas também de semana, quando estou em época de relatórios ou de escrita de artigos. Uma casa para receber amigos que se irão deslumbrar com a vista  quase virgem da paisagem (a linha de comboio lá ao fundo é hoje mais um património abandonado que se funde com o natural). Uma casa onde vou ter pão, vinho, queijo e fumados sobre a mesa e será o suficiente para longas conversas. Uma casa onde vou ler na varanda ao por do sol. Uma casa com quintal onde o R. vai criar tomates, papoilas e uvas. Uma casa para ser feliz.

O preço suporta-se, as obras também, o que é mais difícil é o tempo. Comprar tempo é o sonho real de toda a minha geração. Faltam-nos horas. Alguns escolhem não ter filhos, outros escolhem como passatempo viajar (que na verdadeira acepção da palavra deveriam querer dizer "sair do tempo" até porque se cria um fluxo novo de dia a dia por uma semana). Já não se come em casa. Não há tempo para ir às compras e preparar refeições. Enfim. A mim o que falta é tempo para me por na A1, A23 e A25, com portagens para pagar, semanalmente, sem que isso me faça mossa na carteira.

Estamos a tratar disso.
Mas lá está. Por agora falamos de um sonho.

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