28.3.16




BALADA PARA UMA AMIGA VESTIDA DE TERNURA

(...)

...
Amiga, doce amiga,
a tua voz cria as cidades para mim.
As palavras do poema, comovidas,
Percorrem-te os cabelos,
alimentam
o tecer amoroso dos teus gestos.

Amiga, terna amiga,
as tuas mãos abrem em mim os oceanos.
A sombra os antigos sofrimentos
derrotada se esvai
na incrível luz
do teu sorriso de água e liberdade.

Amiga, meiga amiga,
no verde abrigo dos teus olhos eu descanso.
Quantas árvores se erguem, quantos muros
se abatem, quantos rios
desaguam
na confluência dos nossos olhares!

Amiga, querida amiga,
A ternura que me dás viaja-me no sangue.
Sinto que em ti despertam os jardins
onde acontece a vida
e cresce o ritmo
do grato coração com que te canto.


MÁRIO DOMINGOS, in O DESPERTAR DOS VERBOS (Edium Editores, 2011)

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