24.3.16




Parece-me que vivi em segurança o melhor período de uma vida humana, a infância.
Nos idos de 80 e 90 a vida parecia promissora. Com um pouco de trabalho podíamos ter uma casa, família, um trabalho.
Por várias razões isso não se verifica. Nem trabalho, nem casa, nem filhos. Até os casais deixam de juntar os trapinhos porque os empregos precários não deixam. As paredes das casas dos pais, que tanto os abrigaram enquanto novos, são hoje as marcas de uma prisão.
A tudo isto junta-se esta névoa. 
A conquista do ar foi um dos pináculos tecnológicos da humanidade. A possibilidade de acordar hoje em Lisboa e adormecer logo à noite em Moscovo era do reino da fábula. Mas o homem conseguiu. Estas viagens - os aviões - marcavam, também, a abertura global do homem. A sensação de pertencer mesmo a um único mundo. Esta sensação estava muito viva em 2000. Depois veio o que se sabe. A seguir a esta semana já só se viaja por necessidade. Pode ter subjacente um prazer (turismo, visitar família distante) mas aquela entrada no aeroporto e aquela travessia de avião são apenas uma etapa ansiosa para alcançar um fim.
Parece derrotista. É apenas real. 

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