23.8.15


Foi há 8 anos mas na realidade numa outra vida.
As datas são difusas mas deve ter durado mais ou menos um mês e meio. 
Foi quando vivi no paraíso. Para além das paisagens puras e do ar cristalino que nos entrava pelos pulmões havia toda uma disponibilidade para apreciar sem pressas.
Trabalhava-se durante umas 10 horas. De manhã acordava-nos com a neblina - o lugar é quase cercado por água - e à tarde, sem qualquer peso no corpo, íamos mergulhar na água calma do Azibo.
Durante semanas percorríamos as aldeias mais interiores de um dos mais esquecidos concelhos de Portugal. Para conhecer mais sobre o patrimonio local tínhamos que falar com aqueles velhos e velhas, redutos do século XIX, quase, que nos colocavam na mesa vinho, pão e enchidos. Íamos sempre de barriga vazia para não fazer desfeita.
Nos dias quentes, depois de almoço, cada um seguia com a sua cerveja (menos o condutor claro), vento quente a entrar pela janela, rodas a percorrer estradas desertas.
Como estarão agora esses caminhos e essas gentes? Aquele era o tempo das vacas gordas (ou assim parecia).
Viviamos nestas casas bonitas e confortáveis com direito a refeições. Hoje o projecto mudou de direcção. As casas estão lá, tal como o Azibo, as estradas e, espero eu, as gentes. A gastronomia é do melhor e ali ao lado, depois da fronteira, estão os Picos da Europa. A paisagem mais linda que me foi possibilitado ver.
Agora as casas podem ser vossas pelo tempo que desejarem. Este é um segredo nosso. Vejam aqui e sejam felizes. 

(Não existem fotos. Tirámos muitas e todas se perderam. Há coisas que são mais bonitas lembradas apenas pela memória.)

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