19.8.13

Uma quantas postas de pescada




1. Não sei quem é o Lorenzo (mas ao que parece é da família) e gostava muito de não saber quem é a Judite. Para me redimir já à uns meses que o único telejornal que vejo é o da SIC, pelas reportagens e coerência.
 
2. Vivo em Odivelas, conhecida cidade suburbana, por vezes comparada com a Amadora e afins. Ora de há uns anos para cá a Câmara está bem entregue (e logo a uma mulher, o que me dá um gozo extra) e a cidade tem crescido melhor, com maior planeamento (sem pressas), com locais verdes maiores que um azulejo e com maior segurança do que a maior parte das cidades vizinhas. Assim, e só por isto, pelo trabalho feito, é que vou votar nos socialistas este ano. Acho que toda a cambada circense que aí anda a tentar ficar no poleiro por mais tempo devia ser corrida com zero votos, já que parece que os munícipes são uns parvos que basta estar lá o nome do Isaltino (por exemplo) vão logo a correr votar no Sr.
 
3. Não posso com a Assunção Esteves! Podia ir com a Judite para uma casa na Comporta brincar aos pobrezinhos e lerem Simone de Beauvoir em voz alta e com atenção a ver se aprendem algumas coisa.

"One's life has value so long as one attributes value to the life of others, by means of love, friendship, indignation and compassion."
Simone de Beauvoir
 
4. Estava na esplanada do Pingo Doce (sou uma pingólica anónima que acha que não há híper nem super melhores que o Pingo e que até vai lá tomar café e ler os seus livrinhos) quando um senhor, ucraniano, sentado ao meu lado e a beber um copo de água, mete conversa comigo (na realidade cravou-me um cigarro - infelizmente para ele não fumo) em francês (se calhar também tocava piano). Diz que vai ali para estar com companhia, que é um sem abrigo, desempregado, que diz, não sabe porque ainda está à espera.
 
5. Mesmo dia, duas horas mais tarde. Decido ir dar uma vista de olhos às plantas do Pingo. Cactos a 49 cêntimos (bom) e uma planta com o que parecem malaguetas nas pontas a menos de 3 euros (muito bom). Descobri recentemente que uma casa cheia de livros e de plantas (não posso ter gatos por passar temporadas a trabalhar longe) é para mim sinónimo de felicidade. As senhoras encarregues da parte das plantas não estão no sítio e aguardo por uns minutos. Um septuagenário aproxima-se de mim e investe com afinco na tentativa de me convencer a ir embora com as plantas sem pagar. Eu digo-lhe que isso dá mau karma e ele, embora não percebendo bem (talvez pensando que estava a falar de uma doença) vai-me buscar a empregada. Enquanto a senhora me embrulha as plantas o velhote aproxima-se e conta-me que está casado fazia naquele dia 50 anos. Dou-lhe os parabéns ao que ele responde: "Menina estou casado à 50 anos e estou no Pingo Doce. Há dias de me levantar e deitar na cama sem trocar uma palavra com a minha mulher. Assim venho aqui, falo convosco, o Pingo Doce é o meu jardim.".... Ao que parece, para além das plantas e dos livros há que saber escolher a companhia que melhor nos faz sentir.
 
6. Afinal não vão à Composta, vão ao Pingo Doce. Um bocadinho de realidade não faz mal a ninguém!

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