18.8.13



"Nos meus períodos de quebra, punha-me a pensar para que servia criar arte, a quem se destinava? Estaremos a animar Deus? Estaremos a falar para nós mesmos? E qual era o derradeiro objectivo? Termos a nossa obra enjaulada nos grandes jardins zoológicos do mundo das artes- O Modern, o Met, o Louvre?
O que eu queria era honestidade, mas encontrava desonestidade em mim própria. Porquê cometer arte? Pela auto-realização, ou pela arte em si mesma? Confrontada com a ambição, parecia demasiado fácil contribuir-se para o excesso, a menos que se oferecesse iluminação. (...)
Robert tinha pouca paciência para estes meus ataques de introspecção. Ele nunca parecia pôr em causa os seus impulsos artísticos, e através do exemplo dele compreendi que o que interessa é o trabalho: o fio de palavras impelidas por Deus que se transformam num poema, a camada de cor e de grafite riscada sobre a folha de papel que amplifica o movimento d´Ele. Conseguir na obra um equilíbrio perfeito entre a fé e a execução. Desse estado de espírito surge uma luz, carregada de vida."
 
Patti Smith em Just Kids (autobiografia sobre a sua relação com Robert Mapplethorpe, a arte, a música, a poesia e Nova Iorque)

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