30.5.13




Quando era adolescente, nos 13/14 anos,  as minhas colegas, pioneiras na arte de namorar, achavam que era a mostrar ciúme que se fazia notar o "amor" pelos namorados. Eles achavam aquilo muito engraçado porque lhes permitia ir dando corda a mais  uma ou outra rapariga só com a desculpa de provocar a namorada...  obviamente não corria bem.
Hoje em dia, tal como em tantas coisas, a atitude adolescente subiu nas classes etárias e são já jovens de 20 e poucos que acham legítimo o ciúme exagerado - segundo notícia amplamente divulgada - com escalada para a violência. Há quem pense que uma estalada bem dada pode ser importante para a relação...
Este é um assunto que ando a remoer à dias e que não consigo mesmo entender. Com toda a informação que estes miúdos consomem é de esperar que estejam mais do que sensibilizados para a violência conjugal. De facto estão, eles apenas 1. acham um exagero isso de chamar violência a um puxar de cabelos ou uma estaladinha de nada, 2. viram em casa (a justificação de antigamente), nos amigos ou na televisão e acham que assim há justificação e 3. há um gosto pelo drama, um "ele viu-me a falar com o fulano tal e deu-me uma estalada, deve gostar mesmo de mim"...
Há uma patologia muito grave nisto tudo, porque mais do que no caso das gerações anteriores em que o homem, ser dominador da relação à partida, durante século (erradamente) descarregava na mulher e a sociedade assobiava para o lado, este é um problema de sociedade, de fundação. Estamos a falar de jovens - o amanhã - que se apresentam completamente dependentes do sentimento de posse, assim como possuem um i-pod também são donos de um namorado/a. Não sou psicóloga ou socióloga mas  cheira-me que no meio disto tudo a estalada final é para todos nós.

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