19.2.13

Das imagens magnetizantes


The Mirror, Andrei Tarkovsky, 1975


Não diga o meu espelho que envelheço,
se a juventude e tu têm igual data,
mas se os sulcos do tempo em ti conheço
então devo expiar no que me mata.
Tanta beleza te recobre e deu
tais galas a vestir a meu coração,
que vive no teu peito e o teu no meu.
Mais velho do que tu serei então?
Portanto, meu amor, cuida de ti
como eu, não por mim, por ti somente
te cuido o coração, que guardo aqui
como à criança a ama diligente.
    Não contes com o teu se o meu morrer.
    Deste-me o teu e o não vou devolver.

William Shakespeare, in "Sonetos (22)"

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