4.12.12




O meu pai tinha umas 5 K7 no carro. Uma delas era do Variações. E como durante os anos 80 não houve renovação de K7 eu passei a minha mais jovem infância a ouvir a canção do engate e a achar aquilo tão engraçado como a música da abelha maia. Ainda por cima vi umas fotos do António e ele tinha tão ar de super herói que parecia pedagógico andar pelo bairro a dizer "o corpo é que paga". 
Claro que a música de Variações é muito mais do que as minhas lembranças pessoais mas a diferença em relação às outras que então ouvia no carro é que ainda hoje ponho a tocar, deliberadamente, no meu mp3, o Estou Além. Isto depois de ter saído do carro (para onde foi via vinil) e de ter passado por uns Cd´s que comprei em promoção na Fnac antes de se alojar no meu mp3. Assim como atravessou os suportes musicais atravessou gerações inteiras. Fala-se da sua irreverência e desafio da sociedade de então mas é sobretudo a sua autenticidade, vista na instalação em que transformou o seu próprio corpo - afirmando sempre a sua profissão como cabeleireiro - e ouvida na sua música que me marcaram. Não é uma questão de época, hoje, quando faria 62 anos, ainda estaria à frente do seu tempo. 

Esta é a minha favorita. Poema perfeito, interpretação sublime.Eu sou uma chorona mas esta música em particular faz-me ficar com uma sensação de desamparo que rara vezes não resulta em lágrimas.




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