30.6.12



Ainda  a Joana tinha uns 12 anos e já tivera a sua primeira desilusão de amor. Amor platónico é certo, porque dificilmente o John Bon Jovi alguma vez ouviria falar dela mas, ainda assim, amor. Nesse dia, em que o cantor tinha aparecido com uma namorada numa revista, foi o Nuno que a consolo quando a levou a comer um saquinho de gomas do quiosque do Sr. Zé.
Uns anos depois foi mesmo a sério, a Joana apanhou o seu namorado de mão dada com a Teresa atrás do pavilhão do refeitório. Foi um escândalo em agudos. Joana ficou de rastos. Foi o Nuno que a levou ao cinema, à matiné do Titanic, na sala do bairro.
Quando mais tarde Joana se queixava de Hugo, da sua falta de atenção e dedicação, das vezes que ficava sozinha até às tantas da madrugada à espera que ele chega-se, fazia-o a Nuno. Eram os melhores jantares da semana, aqueles a que ele a levava para a ouvir falar do outro.
Um dia Joana despachou Hugo e olhando à sua volta reparou pela primeira vez em Nuno, era ele que estava lá sempre, desde o início, para lhe amparar as quedas e ouvir os relatos mais íntimos. Foi com ele que, chegada a altura considerada acertada, casou.

Passaram uns 10 anos. Joana anda aborrecida. A sua vida é uma via rápida, não tem as curvas das estradas nacionais mas também não lhe dá emoções de monta como uma auto-estrada percorrida a mais de 150km. Queria mais paixão, mais ansiedade de manhã, sair da cama com uma missão. E tudo isto ela desabafa, enquanto bebe uma caipirinha, na paragem que em boa hora decidiu fazer antes de ir para casa carrancuda. Isto tudo ela desabafa com o Sérgio, o seu colega. 

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