9.10.12

Há coisas que só os pais podem dizer






"Estas palavras são uma corda que une este momento presente e passado a esse momento futuro e presente. (...)
Filho, eu tenho trinta anos, mas sinto que também tenho duas semanas porque uma parte de mim nasceu contigo. Estas são as palavras que quero dizer-te, os seus significados são simples e não tenho medo de dizer que são puros porque são puros mesmo.(...)
De mim, espera amor e espera uma pessoa. Como as pessoas, às vezes, engano-me, não sei respostas, tenho medo, tenho frio, minto, faço coisas feias, desisto, escondo-me e fujo. Eu compreendo que tu irás enganar-te muitas vezes, não saberás respostas, terás medo, terás frio, mentirás, farás coisas feias, desistirás, esconder-te-ás e, quando todos te procurarem, terás fugido.(...)
Por mais que aconteça entre hoje e esse dia, por mais mortes e terramotos, tenho a certeza de que não terei esquecido. E obriga-me a jurar que nunca deixaremos crescer entre nós um pudor que impeça de nos abraçarmos, de nos beijarmos, de passarmos os dedos pelas faces um do outro. Pai e filho. Eu sou o teu pai. Tu és o meu filho."

José Luís Peixoto in Abraço

Hoje repeti JLP porque a Laura nasceu à uma semana. A Laura que é filha da minha amiga A.L. e do J. Eles que escolheram viver nos arredores de uma grande cidade, mais longe dos prazeres e das facilidades, por ser aí que a renda é mais barata. Escolheram não comprar casa juntos, pagar juros e ter taxas a saltitar todos os meses. Escolheram porque o seu amor não precisa de casa própria, essa já existe, é dentro deles. E assim puderam ter a pequena Laura, uma criança que um dia poderá dizer, "eu sou fruto do amor". 

Parabéns aos três. Estou feliz como poucas vezes.

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