9.7.12




Há quem esteja convencido que o facebook vai matar os blogs pelo seu imediatismo e oportunidade de ver as publicações de todos os amigos de uma só vez.

Ando intermitentemente na blogosfera à uns 10 anos.

Quando tinha 17 anos, entre acabar o secundário e entrar na faculdade, criei um blog chamado From the [in]side, na plataforma do sapo. Era uma coisa muito pueril, como o título indica, cheio de poemas (que nunca mais escrevi) e uma prosa lírica que gostava de produzir agora. Aprendi HTML como se fosse uma nova língua e tinha o blog completamente artilhado (meteo, horas, música, etc, etc) mas não havia youtube o que era uma verdadeira chatice (embora não o  soubesse). Para colmatar a falta copiavam-se letras de músicas. Dos blogs que lia na altura alguns ainda se mantém, de um saiu um amigo que tenho até aos dias de hoje. O post mais lido era sobre um street artist que tinha morrido no metro, electrocutado, quando fugia de um vigilante, o VNENO. Ainda hoje a história me toca.

Aos 22 anos, quase a sair da faculdade, e em plena febre do tratado de Lisboa criei outro blog, o Ouriça Caixeira. Era uma coisa mais combativa, os tempos políticos o exigiam e a consciência também. Já existia youtube e por isso passava a vida a colar vídeos que achava ser só eu a descobrir. Não tinha nenhum tipo de tuning no blog. Keep it simple era a mensagem. O post mais visto foi um sobre uma ginasta da ex-URSS (adoro tudo o que tenha haver com ginástica) que tinha morrido recentemente. Ela era uma promessa quando sofreu uma queda num treino que a colocou numa cadeira de rodas até à morte e a sua história ilustrava bem a pressão que os jovens soviéticos sofriam na demanda de serem os melhores do mundo. Ela chamava-se Yelena Muhkina.

Aos 27 aqui estou! Nesta casa nova.

Coisas que aprendi:

1. A morte vende sempre, mesmo nos blogs.

2. Crio blogs sempre que momentos de mudança pessoal se cruzam com momentos de mudança externos.

3. Os blogs acabam quando me esqueço das passwords.

4. Faço um blog novo de 5 em 5 anos. Deve ser algum género de transumância.

Mas, sobretudo, há nos blogs uma partilha que vai para além do que as redes sociais possibilitam. Primeiro há a dedicação e o gosto diários (ou quase) de ir aos blogs preferidos ler o que os outros escreveram. Não lemos porque nos é colocado em frente aos olhos mas sim porque queremos. Depois há o cuidado de escrever as coisas de um modo pensado. Durante o dia tenho uma ideia e digo para mim "tenho que pensar nisto para o blog" e não "tenho que colocar isto no facebook". Há também o desafio de escrever/ comunicar com pessoas que não nos conhecem ou seja se por um lado não nos julgam pelo que sabem de nós extra blogosfera também podem ser mais exigentes e mais questionadoras. Gosto disso!

É por isto que os blogs não vão deixar de existir. Não há qualquer hipótese de substituição de uma coisa pela outra. E eu nunca vi a blogosfera com  tanta pujança como agora! So keep bloging.

4 comentários:

  1. E além da morte, sexo! E como boa antropóloga que estás te está a tornar, já devias saber que no sotão, as melhores conversas eram sempre sobre sexo e morte!

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    1. True, true! Tenho que apurar a parte sexual do blog! Existem por aí uns do género muito bons!

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  2. Eu fiz o caminho inverso. Primeiro Facebook, depois blog. Aliás...nunca percebi o interesse dos blogs, até criar um com as minhas colegas do trabalho, daí a ficar viciada nisto e criar um só meu, passaram só uns 2 meses. Já pouco vou ao Facebook ou ponho lá alguma coisa...

    Partilho da tua opinião, são coisas distintas e uma nunca vai substituir a outra ;)

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    1. Eu gosto mesmo disto! E agora não navego mais porque ando muito ocupada se tivesse tempo aiai... Mas o engraçado é que de há uns tempos para cá andava a usar o face como um blog só que aquilo tem mt mais limitações e é mais momentâneo. Daí a voltar a ter um blog foi um vê se havias.

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